Dentro de pouco tempo as cooperativas de crédito devem dar trabalho para os bancos comerciais. O número de associações desse tipo – que fazem empréstimos com custos até 20% abaixo do mercado e oferecem serviços bancários – está crescendo de forma acelerada. No Paraná, a quantidade de instituições cresceu 26% nos últimos três anos. Hoje são 67 cooperativas que emprestam para 261 mil pessoas - 86,4% a mais do que em 2002.

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Apesar dos custos menores e dos grandes atrativos financeiros, as cooperativas respondem hoje por apenas 2% do total de crédito concedido no sistema financeiro do país. Segundo a Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB) o total das operações realizadas pelas cooperativas de crédito foi de R$ 4,39 bilhões no ano passado. A justificativa pelo baixo valor movimentado é que o setor é novo no mercado brasileiro. Além do mais, somente os associados podem obter recursos nas cooperativas de crédito.

O gerente de expansão do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), Cesar Luiz Schmidt, que congrega 950 mil associados em todo o país (222 mil no Paraná) e que está presente em 232 municípios do estado, prevê crescimento de 27% no número de operações este ano, repetindo o porcentual de 2005. Para se ter uma idéia da capilaridade do modelo, as cooperativas associadas ao Sicredi atendem a população de 41 municípios que não possui bancos.

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Em Curitiba existem quatro cooperativas segmentadas: a de médicos, dos notários e escrivães, dos empresários e trabalhadores em peças e revendedoras de veículos e dos juízes. Três novas cooperativas de crédito devem receber o aval para funcionar nos próximos meses na Grande Curitiba.

Criada há três anos, a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Escrivães, Notários e Registradores no Estado do Paraná (Credenoreg) registrou crescimento acima de 200% no volume de recursos administrados entre 2004 e 2005, chegando a R$ 2,150 milhões. Em razão desse desempenho, a instituição vai distribuir este ano as primeiras sobras entre os cooperados.

No dia 14 de fevereiro, a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Comerciantes de Veículos, Peças e Acessórios de Curitiba e Região (Sincocred) estará completando um ano. Ela conta com 327 associados (empresários e trabalhadores), embora tenha um potencial para 30 mil associados, somente na Grande Curitiba. Segundo o gerente, Luiz Antonio Halmenschlager, no ano passado a carteira de recursos administrados pela Sincocred foi de R$ 2,1 milhões, mas deverá chegar este ano a R$ 4,5 milhões.

Custos

Ao contrário de um banco, para as cooperativas a redução de custos é mais importante que a rentabilidade, já que os tomadores dos empréstimos são também associados da instituição. Além disso, a inadimplência do setor também é muito baixa: 1,8%. Com isso, o custo do capital tende a ser mais baixo do que em bancos comerciais.

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Outra vantagem importante, segundo o presidente da Credenoreg, Cid Rocha, é que quem ingressa na cooperativa de crédito tem isenção de taxas no cartão de crédito e débito e na manutenção da conta corrente, além de taxas mais atraentes eu o mercado financeiro para aplicações e financiamentos.

Como exemplo de vantagens disponíveis para os cooperados, o presidente da Credenoreg cita as aplicações em renda fixa que permitem rentabilidade igual ou superior à da rede bancária. Com a diferença de que os ganhos adicionais são distribuídos entre os cooperados ao final do exercício.

A taxa do cheque especial em uma cooperativa chega a ser até quatro pontos porcentuais inferior à dos bancos (4,5% ao mês contra 8,5%), enquanto os juros do cartão de crédito para os cooperados é de 5%, contra até 12% cobrados pela rede bancária. Quem opta por uma cooperativa de crédito também não paga o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Além destas vantagens, Rocha destaca que nas cooperativas de crédito as taxas de administração oferecidas aos associados são menores. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras mostram que esta taxa média mensal cobrada pelas sociedades cooperativas de crédito foi de 4,74%. Nos bancos a média é de 10%.