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Curitiba – A Batávia, agroindústria sediada em Carambeí, na região dos Campos Gerais, recebeu com naturalidade a notícia de que a Parmalat venderá sua participação na companhia paranaense, que hoje é de 51%. A venda faz parte do plano de recuperação judicial da multinacional italiana, apresentado na quinta-feira à 1.ª Vara de Falência e Recuperação Judicial de São Paulo. Segundo o advogado da Batávia, Marcelo Bertoldi, as quatro cooperativas que possuem os 49% restantes ainda não têm uma posição definida, mas "certamente irão analisar a possibilidade de comprar a parte da Parmalat". Ele ressalta que qualquer movimento da multinacional, no sentido de vender sua participação, terá que ser debatido antes com as cooperativas – que controlam a Batávia desde o início de 2004, por determinação da Justiça.

Hoje, a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL) – formada pelas cooperativas Capal, de Arapoti, Castrolanda, de Castro, e Batavo, de Carambeí – possui 46% das ações da companhia, enquanto a catarinense Agromilk tem participação de 3%. Embora não sejam as acionistas majoritárias, as cooperativas assumiram o controle da Batávia por meio de uma liminar concedida em fevereiro do ano passado pela juíza Denise Comel, da comarca de Castro. A Parmalat havia entrado em crise na Itália em dezembro de 2003, e pediu concordata no Brasil dois meses depois.

Quando assumiram, CCLPL e Agromilk fizeram um aporte de R$ 5 milhões na Batávia, para evitar que a falta de crédito no mercado – provocada pela crise da Parmalat – comprometesse suas operações. Bertoldi ressalta que, hoje, a situação da Batávia está equilibrada e "seus acionistas estão bastante satisfeitos com os resultados". "Tudo está dentro da normalidade, e a venda da participação da Parmalat não vai alterar o funcionamento da companhia." O faturamento da Batávia, que foi de R$ 509 milhões em 2003, subiu para R$ 562 milhões em 2004. A expectativa é de que, em 2005, a receita cresça 10%, superando R$ 600 milhões.

Dívida

O plano de recuperação apresentado pela Parmalat prevê o pagamento de R$ 150 milhões a 10 mil credores operacionais, em parcelas mensais, durante quatro anos. Já os credores financeiros, que têm R$ 720 milhões a receber, seriam pagos em 12 anos, em parcelas semestrais. O uso das marcas Parmalat, Santal, Glória, Etti e Duchen será assegurado durante o período de pagamento dos credores. Essas medidas só foram possíveis porque, no fim de junho, a Parmalat conseguiu migrar do regime de concordata para o de recuperação judicial, um mecanismo criado pela nova Lei de Falências.

A mudança deu fôlego para a Parmalat chegar a um acordo com os credores e evitar a falência. A empresa livrou-se do pagamento da primeira parcela de uma dívida de R$ 1,8 bilhão, que começaria a vencer em julho. A Parmalat ganhou, ainda, 60 dias para apresentar um plano de recuperação para o juiz e mais 90 para aprová-lo numa assembléia geral de credores. Outro benefício da recuperação é que a Parmalat ficou "blindada" contra pedidos de execução judicial por 180 dias.

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