A realização da Copa do Mundo prejudicou o resultado do comércio varejista em junho. A decretação de feriados em diversas cidades-sede ao longo do mês fez as vendas recuarem 0,7% em relação a maio, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE. Na comparação com junho de 2013, o desempenho foi positivo em 0,8%. No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos, autopeças e material de construção, a retração foi ainda mais forte, 3,6%. No Paraná, o volume de negócios no comércio caiu 1,2% ante maio e 12,2%, na mesma comparação, no recorte ampliado. A taxa paranaense mensal superou os recuos registrados em maio (2,3%) e abril (1,9%) deste ano.
O resultado corrobora a visão de enfraquecimento da atividade no segundo trimestre do ano. O Produto Interno Bruto (PIB) deve ser ainda mais negativo que o previsto em relação ao trimestre imediatamente anterior, segundo a economista do Banco Indusval & Partners (BI&P), Natalia Cotarelli. O banco já estimava um recuo de 0,1% do PIB do segundo trimestre. "Tem um viés de baixa na projeção", reforçou Natália.
Entre as dez atividades que integram a Pesquisa Mensal de Comércio, a única a escapar da retração em junho foi a de supermercados, beneficiada pelo arrefecimento da inflação de alimentos no domicílio.
"Na Copa do Mundo, a gente teve uma redução de número de dias úteis, e isso impactou nas vendas do comércio, principalmente nas atividades de móveis e eletrodomésticos, combustíveis, tecidos, veículos", enumerou Juliana Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. "Supermercados vendem produtos essenciais, então mesmo com a redução de dias úteis, as famílias continuam com o consumo diário ou mensal desses bens", acrescentou.
Crédito
"Já as vendas do varejo ampliado são particularmente afetadas pelas condições de crédito que pioraram ao longo do primeiro semestre e pelos efeitos de incerteza e paralisia da economia, intensificados durante a realização da Copa", definiram os economistas Mariana Oliveira e João Morais, da consultoria Tendências.
Dependentes do crédito, o tombo nas vendas de veículos alcançou 12,9% em junho, influenciado também pelo esgotamento da demanda. "Veículos, após cinco anos de incentivos e um maior comprometimento da renda das famílias, não está tendo mais renovação, uma demanda para consumo desse tipo de bens", apontou a gerente do IBGE.