Faltando 48 dias para o apito inicial da primeira partida, o fator Copa do Mundo está aquecendo as vendas de televisores no varejo brasileiro e as principais redes já percebem um aumento de dois dígitos na procura pelos aparelhos. A maioria das redes aposta em um crescimento de 50% nas vendas até o início do mundial da África do Sul. No Paraná, as vendas de televisores LCD da rede Ponto Frio cresceram 110% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Na rede Carrefour, apenas em abril, a venda de tevês de tela plana superou em 35% a meta inicial do grupo traçada para a categoria. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 60%.
"As 23 lojas no Paraná estão crescendo acima de dois dígitos, com desempenho homogêneo no interior e capital. A previsão do grupo é fechar o ano com crescimento de 23% na Região Sul, número acima da média nacional", diz o diretor regional do Ponto Frio, Paulo Drago.
O gerente da unidade de venda de eletrodomésticos da rede Mercado Móveis, Thyago Rodrigues da Silva, conta que a procura por televisores já é grande. "Mas perto da Copa o aumento chega próximo a 50%", diz.
Em 2009, o mercado brasileiro de televisões de tela plana cresceu 53%, índice influenciado por uma base de comparação baixa em função da crise econômica que abalou as vendas do Natal de 2008. Neste ano, com a Copa do Mundo, a previsão é de uma expansão robusta de 58%. Isso deve fazer com que, pela primeira vez, as televisões de tela plana tenham uma participação maior do que as tevês de tubo, atingido 60% do mercado brasileiro, com a comercialização de 3,12 milhões de unidades.
"Do mês passado para este, o movimento aumentou consideravelmente e até o dia do primeiro jogo as vendas devem aumentar mais de 50%", comemora o vendedor Ubirajara Lisboa, da rede Ponto Frio. De acordo com ele, a procura cresce nos finais de semana e início de mês, quando o tempo livre e a folga no orçamento permitem aos consumidores sonhar com o novo eletrodoméstico. "Uma televisão grande, de LCD ou LED, já é o sonho de consumo de muita gente. O campeonato é só mais um impulso", afirma.
Pesquisa
O casal Roseli Nogueira e José Nogueira Neto está pesquisando os preços dos aparelhos de olho no mundial. "Meu marido quer comprar uma televisão de 42 polegadas, porque é fanático por futebol", conta a consumidora. Ela, no entanto, ainda não "autorizou" a compra. "Estamos pagando outra televisão [de tubo], então o melhor é esperar terminar o pagamento para comprar outra", argumenta.
O marido parece ter aceito o argumento. "Meu sonho é ter um desses aparelhos. Mas talvez a gente espere", explica. O modelo LCD de 42 polegadas que Nogueira quer comprar custa R$ 3,5 mil à vista. Parcelado, o valor salta para R$ 5,2 mil.
Estoques
A procura dos consumidores traz o risco de haver dificuldades para a reposição de alguns modelos como as telas são importadas para a montagem em Manaus, a cadeia logística pode não dar conta da demanda. Por isso, a estratégia do varejo é trabalhar com estoques altos.
O diretor comercial da rede Gazin, Antônio Roberto Gazin, garante que já está com boa parte dos estoques de televidores que serão vendidos em função da Copa. "Negociamos com os principais fornecedores e o que ainda não está no nosso estoque deve chegar nos próximos dias. Na verdade, para nós, a Copa do Mundo começou há mais de dois meses", afirma. Segundo Gazin, em anos de Copa do Mundo as vendas de televisores se concentram no primeiro semestre, atingindo 60% do volume anual.