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Consumo

Copa traz lucro de "mês extra" à indústria de bebidas

Gisele Lavalle Raposo, do Bar Basset, espera vender até 480 garrafas por dia | Antônio More/ Gazeta do Povo
Gisele Lavalle Raposo, do Bar Basset, espera vender até 480 garrafas por dia (Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo)
Tradicionalmente, só 6% do volume total da cerveja vendida no país é consumido no mês de junho, um dos mais fracos do ano por causa do inverno. Em 2010, com a Copa do Mundo, espera-se que esse índice suba para 12%.

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Tradicionalmente, só 6% do volume total da cerveja vendida no país é consumido no mês de junho, um dos mais fracos do ano por causa do inverno. Em 2010, com a Copa do Mundo, espera-se que esse índice suba para 12%.

Para o ramo de bebidas, ano de Copa do Mundo é como se tivesse um mês a mais de lucro. A cada quatro anos, o país registra aumento na produção de cerveja e refrigerante justamente nos meses de junho e julho, tipicamente os de menor consumo por causa do inverno. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), nos 30 dias em que a bola irá rolar na África do Sul, entre 11 de junho e 11 de julho, a expectativa é de que o consumo no mínimo dobre em todo o país, chegando a 600 milhões de litros no período.

Como comparação, o superintendente executivo do Sindicerv, Enio Rodrigues, explica que normalmente o mês de junho é responsável por apenas 6% do consumo anual de cerveja. Em 2010, graças à Copa, o mesmo mês será responsável por 12% – índice equivalente às vendas de um mês de verão. "Estamos trabalhando com os três jogos certos da primeira fase e com a quase certeza de um jogo nas oitavas-de-final. Se tivermos o Brasil na final, com mais três jogos, esse percentual pode ficar ainda maior", afirma Rodrigues.

Poder de compra

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcóolicas (Abir), Paulo Mozart Gama e Silva, diz que a Copa da África terá ainda um fator especial. De acordo com o executivo, além do Mundial, o setor tem a seu favor em 2010 o aumento do poder de compra da classe C e as temperaturas mais elevadas. "A Copa veio a calhar nesse cenário", comemora Gama e Silva.

Para dar conta do aumento no consumo em junho e julho, o diretor da Abir explica que a indústria de refrigerantes teve de replanejar toda sua logística e distribuição três meses antes do Mundial. Assim como o varejo também já está planejando seu giro.

A gerente do Bar Basset, no bairro Centro Cívico, em Curitiba, Gisele Lavalle Raposo, espera que a venda de cerveja nessa Copa seja tão boa quanto às de 2006. "Tivemos que implantar venda por fichas para dar conta", recorda.

Nos próximos dias, Gisele instalará um telão para que os clientes acompanhem os jogos do Brasil no bar. Ela espera que as vendas saltem das atuais 120 a 144 garrafas por dia para 240 a 350, podendo chegar a 480 se o tempo estiver bom e a equipe de Dunga ajudar. "O frio atrapalha mais. Ainda mais se chover. Aí o povo assiste em casa, comendo pipoca", argumenta Gisele.

Latinhas

A pedido das fabricantes de bebidas, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) – órgão do governo federal que define políticas públicas de importação e exportação – decidiu reduzir temporariamente o imposto de importação de latas de alumínio e do papel de rótulos de cerveja. As taxas caíram de 16% para 2% para latas, e de 14% para 2% para o papel.

Desde janeiro a indústria de bebidas se vê forçada a importar lata e papel. A medida se deve à dificuldade da indústria em adquirir ambos os produtos no mercado interno devido o aumento do consumo – o que poderia causar escassez de cerveja e refrigerantes durante a Copa. Para o primeiro semestre, a projeção é de que a demanda de bebidas aumente 15%.

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), o setor já está investindo para aumentar seu potencial. A estimativa é de que a produção de 14,8 bilhões de latas em 2009 aumente em 10% em 2010. Ainda para 2011, a capacidade deve chegar a 24,1 bilhões de latas.

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