O engenheiro mecânico e economista Lindolfo Zimmer assumiu ontem a presidência da Companhia Paranaense de Energia (Copel) com a expectativa de que a empresa possa oferecer o serviço de banda larga em praticamente todos os municípios do estado e prometendo manter a postura mais arrojada da empresa na disputa por concessões de transmissão e geração de energia, inclusive fora do Paraná.
Na cerimônia de posse, Zimmer disse esperar que até o fim deste ano o anel de fibra ótica da companhia, presente na maioria dos 399 municípios do estado, esteja operando a banda larga. "O projeto já está desenvolvido, já está maduro e devemos, até o fim do ano, ter isto em andamento na prática."
O governador Beto Richa, presente à cerimônia, reforçou a intenção do governo de não deixar nenhum município sem o sistema de fibra ótica e banda larga. "Vai contribuir para o desenvolvimento e para termos uma educação mais pujante e mais moderna", afirmou.
Segundo Zimmer, o preço do serviço será determinado pelo mercado. "Se não formos competitivos não vamos sobreviver, mas acredito que a concorrência terá de fazer um esforço grande para brigar conosco."
Leilões
Zimmer reafirmou a estratégia da Copel na disputa por concessões de geração e transmissão de energia, inclusive fora do estado. "Precisamos expandir no que temos competência, isso inclui vender energia fora do Paraná. Ainda não temos mercado em vista, a Agência Nacional de Energia Elétrica [Aneel] não abriu nenhum novo leilão. Mas nossa prioridade é participar de leilões e não perder oportunidades", disse Zimmer.
Essa estratégia havia sido adotada na gestão do ex-presidente Ronald Ravedutti, morto em em novembro passado. Sob seu comando, a Copel arrematou um sistema de transmissão no interior de São Paulo e a hidrelétrica de Colíder (300 MW), em Mato Grosso, na qual deve investir cerca de R$ 1,5 bilhão. A companhia disputou ainda, sem sucesso, as concessões das usinas de Teles Pires (1.820 MW) e Sinop (461 MW), no mesmo estado.
No fim de 2010, a atuação agressiva em leilões chegou a ser motivo de discórdia entre a diretoria da empresa e deputados federais paranaenses que apoiaram o governador Beto Richa nas eleições. Na época, os parlamentares sugeriram que a Copel não deveria participar de leilões até a entrada do novo governo.
O novo presidente encontra R$ 1,8 bilhão nos cofres da empresa para iniciar a execução dos projetos. No primeiro ano da gestão, Zimmer pretende cumprir o plano de investimento aprovado pelo conselho de administração da Copel, de R$ 2,06 bilhões, o maior da história da companhia. O plano prevê R$ 1,024 bilhão para a área de geração e transmissão, R$ 933 milhões para a distribuição de energia e R$ 102 milhões a telecomunicações. "Se o planejamento estiver adequado, será mantido. Até porque temos alguns compromissos assumidos, como investimentos em Mauá [hidrelétrica no Rio Tibagi] e Colíder", ressaltou.
Funcionário da Copel desde 1965, Zimmer exerceu vários cargos na empresa. Foi o diretor de engenharia e construção de 1979 a 1982, diretor de operação de 1995 a 1999 e de marketing de 2000 a 2003, quando se aposentou. Desde então, vinha exercendo o cargo de diretor presidente da Dobreve Energia S.A. (Desa).
Concessões
O novo presidente da Copel também afirmou que a renovação dos contratos de concessão de distribuição das empresas estatais é outra prioridade na sua gestão. As concessões de usinas, instalações de transmissão e das distribuidoras de energia elétrica, inclusive da Copel Distribuidora, expiram em 2015. Apesar de o contrato prever renovação por mais 20 anos, as empresas convivem com a dúvida e o temor de ações judiciais.
Em novembro passado, em reunião com a bancada federal, Ravedutti havia solicitado o apoio dos deputados para viabilizar os pedidos junto ao governo federal. "Eu louvo a decisão de reunir os deputados. O apoio deles é muito importante. Além de contar com essa força, vamos realizar uma ação integrada com as outras empresas que estão na mesma situação da Copel, para que isso não seja fator de impedimento para novos investimentos", disse o novo presidente da companhia.