As ações da Copel negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanharam a queda generalizada do mercado e terminaram o pregão de ontem com forte desvalorização. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) recuaram 3,81%. As preferenciais (PNB, sem direito a voto), acompanhadas com mais atenção pelo mercado, caíram 4,66%, cotadas a R$ 23,50 o menor preço desde o dia 16. Entre os 56 papéis que compõem o Ibovespa (principal indicador da bolsa, que ontem caiu 2,02%), o Copel PNB teve a quarta maior baixa, atrás apenas de três classes de ações da Brasil Telecom.
Para a corretora Socopa, de São Paulo, o mau desempenho dos papéis da companhia paranaense se deve à chamada "realização de lucros", que ocorre quando os investidores vendem suas ações para embolsar os ganhos recentes. Embora não tenha grande impacto, o fato de a Copel não ter arrematado nenhum lote no leilão de transmissão de energia realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na sexta-feira pode ter sido o pretexto usado pelos investidores para vender parte de seus papéis.
"O leilão teve um deságio gigantesco. Os lotes de linhas de transmissão foram vendidos por apenas 53% dos preços máximos, em média. Isso pode ter desestimulado a Copel a arrematar algum lote", disse o analista de energia da Socopa. "Além disso, a companhia apresentou uma valorização boa depois que divulgou os resultados do primeiro trimestre, e por isso os investidores podem ter aproveitado essa deixa do leilão para realizar lucros. Mas a empresa provavelmente vai se recuperar ao longo da semana."
Léo Fabiano da Cruz, analista da Áureum Corretora, de Curitiba, acredita que "a Copel caiu no embalo do mercado". "Todas as principais ações tiveram um dia de realização de lucros. Outras grandes empresas, como Cosan, Eletrobrás, Brasil Telecom e Petrobrás, também tiveram perdas de pelo menos 3% no pregão de hoje (ontem)."
Desde a divulgação do balanço do terceiro trimestre, no último dia 10, as ações preferenciais da Copel subiram quase 5% até a última sexta-feira. Com a queda de ontem, recuaram exatamente para o mesmo nível em que estavam no dia do balanço. Nos últimos 30 dias, as ações preferenciais da companhia acumulam baixa de 1,3%, mas nos últimos 12 meses, houve alta de 26,2%. Desde o início do ano, os papéis da Copel acumulam alta de 33,3%. E, a julgar pelas previsões das corretoras, tendem a subir mais.
Na semana passada, após revisar os resultados do terceiro trimestre e as perspectivas da companhia paranaense, a Planner Corretora, de São Paulo, revisou o "preço-alvo" (valor considerado mais adequado a determinada ação) da Copel PNB de R$ 24,70 para R$ 26. Ou seja, existe uma perspectiva de alta de 10,6%. Outras corretoras são menos conservadoras: a Áureum estabelece o preço-alvo entre R$ 29 e R$ 30, o que aponta para uma valorização entre 23,4% e 27,7%. A Socopa aponta para um patamar ainda mais alto, de R$ 30,50. "A Copel tem um potencial de valorização bom, é uma boa empresa, com bons fundamentos. O problema é que, neste fim de ano, o mercado parece não estar muito atento aos fundamentos, e sim à possibilidade de ganhos de curto prazo", disse o analista de energia da corretora.