Curitiba O resultado do leilão de energia elétrica previsto para dezembro pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dependerá do ritmo com que os órgãos ambientais autorizarem a construção de novas hidrelétricas nos próximos meses. A Copel, por exemplo, tem interesse em quatro projetos no Paraná, mas eles precisam da licença do Ibama para seguir em frente. Se saíssem as permissões e a companhia obtivesse o direito de exploração do potencial de geração, ela poderia oferecer cerca de 880 megawatts (MW) ao mercado.
O leilão que está sendo preparado pela Aneel se refere à energia nova, ou seja, aquela que será oferecida no futuro. Todas as empresas que têm projetos em andamento podem vender o fornecimento, desde que eles estejam com as licenças concedidas. Ontem, durante uma conferência com investidores, o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, disse considerar o leilão uma incógnita. "A Copel vai se habilitar, mas depende das licenças ambientais e das licitações", disse.
Quatro projetos no Paraná são estudados pela Aneel e são de interesse da Copel. Dois ficam no Rio Tibagi Telêmaco Borba, com potencial para produzir 110 MW, e Mauá, com capacidade para 380 MW. Também é estudada uma nova hidrelétrica no Rio Iguaçu, chamada de Baixo Iguaçu, com potencial para 340 MW. A quarta represa, batizada de Salto Grande, fica no Rio Chopinzinho e tem potência de 52 MW.
"O Ibama questiona o projeto de Telêmaco Borba e acho que ele não deve ter autorização. Mauá também tem problemas porque fica em uma área indígena e nós estamos verificando o projeto", adiantou Ghilardi. A represa do Baixo Iguaçu, por ficar perto do Parque Nacional do Iguaçu, também pode enfrentar obstáculos para ser liberada. Para aumentar as chances junto às autoridades ambientais, o local da obra foi alterado para ficar mais longe do parque. Isso causou uma redução no potencial de produção da hidrelétrica. Salto Grande não deve ter problemas para ser autorizada.
A dificuldade para obtenção de licenças não é exclusividade dos projetos no Paraná e já foi objeto de reclamações do Ministério de Minas e Energia. A preocupação surgiu porque a oferta de energia velha, aquela que já está disponível, ficou estrangulada e não seria suficiente para atender a demanda a partir de 2009. Assim, os preços tendem a ficar pressionados para o fechamento de novos contratos.
Para o consultor do setor elétrico Ivo Pugnaloni, da Enercons, o mercado vai levar em consideração na hora de estipular preços que a licença ambiental pode ser contestada. "Há um risco maior para energia nova e isso é parte do jogo", disse. Por isso, o especialista não descarta falhas de fornecimento e restrição de oferta nos próximos anos. "Os estudos de licenciamento precisam ser muito consistentes para evitar esses problemas." Segundo Pugnaloni, esse cenário abre espaço para a expansão de outras fontes de energia, como centrais que transformam biomassa em eletricidade.