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Tarifa de energia

Copel deve adiar parte do reajuste

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A Companhia Para­naense de Energia (Copel) vai pedir à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o diferimento de parte do reajuste médio de 35% na tarifa de energia, um dos maiores índices concedidos às distribuidoras. A companhia já solicitou a suspensão do reajuste e aguarda resposta da agência. Enquanto isso, deve estudar o tamanho do porcentual a ser postergado para o próximo reajuste, em junho de 2015, assim como já ocorreu em 2013. A pedido da Copel, a Aneel não repassou neste ano os 5,1% restantes do ano passado para não pressionar ainda mais o índice – o porcentual represado deve inflar o novo reajuste do ano que vem.

Com o pedido de suspensão, o aumento que deveria ser aplicado desde ontem, data do reajuste da concessionária, fica suspenso até que a Aneel avalie a situação. A decisão foi tomada após manifestação do governador Beto Richa nas redes sociais. "Vamos pedir à Aneel a suspensão da aplicação para buscar uma solução junto com a Copel", escreveu Richa em sua conta no Twitter, na manhã de ontem. O governador também se disse surpreendido com a decisão da agência de aprovar o reajuste de 35%.

No final de maio, a Copel encaminhou à Aneel um pedido de reajuste médio de 32,4%, mas a agência autorizou 35% – 33,4% para o segmento de baixa tensão, que inclui consumidores residenciais, e 37,3% para as ligações de alta tensão, que abrangem parte importante da indústria. Ao todo, 4,2 milhões de unidades consumidoras em 393 municípios paranaenses serão afetadas pelo aumento.

O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, foi enfático ao dizer que apenas 1,5% desse índice é de responsabilidade da companhia, que foi uma das mais prejudicadas com a crise do setor elétrico. "A culpa é dos descompassos e desacertos do setor como um todo, incluindo obras que atrasaram, contratos que não foram cumpridos e o agravante da falta de chuvas, que fez com as térmicas ficassem acionadas em caráter permanente. Não escolhemos o fornecedor de energia e não definimos o preço que vamos pagar", afirmou.

Segundo Zimmer, a Copel trabalha para encontrar uma solução equilibrada que não prejudique os consumidores e tampouco a companhia. No ano passado, foram cerca de 20 dias entre o pedido da Copel e a autorização do diferimento pela Aneel.

Impacto

O aumento de 37,3% para o segmento de alta tensão preocupa a indústria. Segundo cálculo da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) – feito com base no reajuste médio autorizado pela Aneel, de 35% – o peso da energia nos custos e despesas da indústria paranaense aumentará de 1,54% para 2,08%. Para o vice-presidente da Fiep, Aurélio Sant'ana, é uma tarifa bastante onerosa num cenário em que a indústria já vem sofrendo o problema da baixa competitividade.

Em alguns setores como metalurgia, produtos de madeira e têxteis, a fatia da energia vai representar entre 5% e 6% do custo de produção. "A maioria das empresas não tem margens de lucro desse tamanho. Isso deve fazer inclusive com que as empresas repensem novos investimentos", reforça Sant'ana.

Embate

"Surpresa" do governador vira motivo de discussão na Assembleia

Chico Marés

Na Assembleia, a "surpresa" do governador Beto Richa (PSDB) com a autorização de aumento nas tarifas da Copel foi encarada com espanto pela oposição. "É absolutamente incompreensível que o governador venha a público dizer que está surpreso com algo que ele mesmo solicitou", afirmou o líder do PT, Tadeu Veneri. Para o deputado, a decisão pelo aumento foi "tecnicamente correta" por parte da companhia, mas ocorreu porque a empresa "especulou no mercado de energia" e ficou com problemas de caixa.

Já o líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), disse que "a conta pelo possível aumento de energia deve ser atribuída exclusivamente ao governo federal". O deputado afirmou que o pedido ocorreu por causa de "políticas desastrosas" da União no setor de energia, mas ressaltou que ainda não há uma decisão final sobre aumentar ou não as tarifas.

Traiano minimizou a "surpresa" de Richa. "O governador não tem a obrigação de saber todos os atos de empresas estatais. Essa é uma decisão interna da Copel e da sua diretoria", afirma.

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