A falta de chuvas e a disparada do custo da energia não impediram a Copel de alcançar o maior lucro de sua história, em termos nominais.
Embora as hidrelétricas tenham produzido menos e a área de distribuição, gastado mais, a companhia lucrou R$ 1,336 bilhão em 2014, 21% a mais que no ano anterior. Até então, o maior lucro da história da empresa era o de 2006 (R$ 1,243 bilhão).
Corrigindo os valores de anos anteriores pela inflação, no entanto, 2006 continua sendo o mais lucrativo, com ganho atualizado de quase R$ 2 bilhões. Nesse critério, a cifra de 2014 é a quarta maior.
Estratégia
Conforme o balanço publicado no fim da noite de sexta-feira (20), a receita operacional da Copel aumentou 52% em 2014, chegando a R$ 13,9 bilhões. A companhia atribui esse crescimento a vários fatores. O primeiro é uma espécie de ganho contábil: segundo o documento, houve o “reconhecimento de R$ 1,034 bilhão referente ao resultado de ativos e passivos financeiros setoriais”.
As outras razões para o salto do faturamento estão mais ligadas às atividades da empresa e à estratégia que ela adotou em meio às turbulências do setor elétrico.
Com energia de sobra depois de não renovar antecipadamente a concessão da hidrelétrica Parigot de Souza e após retomar a termelétrica UEG Araucária, que ficou sete anos arrendada à Petrobras, a Copel faturou alto vendendo energia no mercado de curto prazo, onde os preços estavam altíssimos em razão da estiagem prolongada.
O reajuste anual de 24,86% nas tarifas de distribuição e o crescimento de 3,5% do mercado total da companhia também colaboraram para o aumento das receitas.
Por outro lado, as despesas operacionais subiram 53%, para R$ 12,4 bilhões. O acionamento da UEG Araucária multiplicou por cinco os gastos com gás natural, que beiraram R$ 1,5 bilhão. Principal despesa da Copel, a compra de energia elétrica para revenda – parte dela feita no oneroso mercado de curto prazo – aumentou 53%.
Não apenas a divisão de distribuição gastou mais com a aquisição de energia. A área de geração também teve de recorrer ao mercado, uma vez que, com reservatórios esvaziados, suas hidrelétricas geraram menos que o necessário para honrar contratos.
Atrasos
As despesas também foram impactadas por uma questão contábil, a redução de R$ 807,3 milhões no valor recuperável dos ativos de geração. Esse valor caiu não só porque as hidrelétricas existentes geraram menos, mas porque as obras de Baixo Iguaçu, no Paraná, e Colíder, em Mato Grosso, estão bastante atrasadas – e tais usinas vão gerar, ao longo da concessão, menos caixa que o previsto.