Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
energia

Copel e deputados divergem sobre leilões

Copel solicitou reunião com deputados para pedir apoio, mas estratégia da empresa criou atrito entre políticos e diretores | Divulgação
Copel solicitou reunião com deputados para pedir apoio, mas estratégia da empresa criou atrito entre políticos e diretores (Foto: Divulgação)

A participação da Companhia Paranaense de Energia (Copel) em leilões de transmissão e geração previstos até o fim do ano virou motivo de discórdia entre a diretoria da empresa e deputados federais da bancada paranaense que apoiam o governador eleito Beto Richa. Para os parlamentares, a presença em leilões deveria ser suspensa até a entrada do próximo governo. Já o presidente da companhia, Ronald Thadeu Ravedutti, ratificou em um encontro realizado ontem que os investimentos vão continuar até dia 31 de dezembro, por orientação do atual governador Orlando Pessuti.

Em agosto, a Copel arrematou a usina de Colíder (300 MW), no Rio Teles Pires, com previsão de investimento de R$ 1,5 bilhão. No dia 17 de dezembro, a empresa programou participar dos leilões das hidrelétricas de Teles Pires (1.820 MW) e Sinop (461 MW), que têm investimento estimado em R$ 3,4 bilhões e R$ 1,5 bilhão, respectivamente. As três usinas ficam em Mato Grosso.

"Participar desses leilões não dá garantia de retorno e pode significar endividamento de aproximadamente R$ 5 bilhões para a empresa. O ideal é deixar para o próximo governo em vez de comprometer o investimento", disse o deputado federal Cezar Silvestri (PPS).

Ravedutti confirmou que a estratégia de crescimento será mantida e é desta forma que a Copel vai trabalhar até o último dia do ano. "As decisões têm de ser tomadas e os riscos foram avaliados. Os leilões são ainda neste ano e não vamos perder as oportunidades. Todas as obras são interessantes desde que sejam atrativas", afirmou.

O deputado federal também questionou Ravedutti sobre os 29 tópicos solicitados pela equipe de transição de Beto Richa à Copel. De acordo com o parlamentar, nenhum deles foi respondido. Segundo Ravedutti, que já participou de grupos de transição no passado, houve erro nas solicitações. "Ocorreu falha por parte da equipe de transição ao pedir dados de 2001. As solicitações têm de ser sobre o futuro, investimento e planejamento. Além disso, não temos como responder em três dias", argumentou.

A possibilidade de a Copel arrematar uma usina de álcool no Noroeste do Paraná também foi motivo de embate entre as partes. Silvestri alega que não haveria matéria-prima disponível para o funcionamento da usina. "A Copel está programando entrar em licitações duvidosas. A empresa não deveria participar", alegou. O presidente da companhia rebateu afirmando que nenhuma decisão será tomada sem calcular os riscos. "Todo negócio tem risco. Nós precisamos analisá-los e avaliá-los. É desta forma que nossa equipe trabalha", disse Ravedutti.

Apoio

A reunião solicitada pela diretoria da Copel junto à bancada para­­naen­se tinha como objetivo pedir o apoio para assuntos como os contratos de concessão de distribuição e a restrição ao crédito a empresas estatais. A renovação das concessões de usinas, instalações de transmissão e das distribuidoras de energia elétrica, inclusive da Copel Distribuidora, expira em 2015. Apesar de o contrato prever renovação por mais 20 anos, as empresas convivem com a dúvida e o temor de ações jurídicas. "Essa dúvida prejudica na captação de recursos, pois aumenta a incerteza por parte dos investidores e das instituições. Além disso, abre vitrine para que as concessões sejam compradas", declarou Ravedutti.

Sobre o fato de empresas estatais do setor elétrico não terem acesso a linhas de crédito, principalmente oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente da companhia alegou que isso gera disputa desigual com as empresas privadas. "A partir do momento que as empresas privadas podem pegar dinheiro emprestado e as estatais não, falta isonomia por parte do governo. Além disso, aumenta o custo, pois precisamos pegar empréstimos mais caros e quem paga a conta é a população", afirmou. Atual­­mente, apenas as obras que fazem parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) podem recorrer a linhas de credito diferenciadas.

O líder da bancada paranaense, deputado federal Alex Canziani (PTB), prometeu reunir forças para viabilizar os pedidos junto ao governo federal. "Vamos brigar por taxas iguais às das empresas privadas. Vou me reunir com outros coordenadores de bancadas para fazer uma ação conjunta", disse.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.