A Copel informou ontem que é "viável e factível" construir um alcoolduto de 528 quilômetros ligando a região de Maringá, no Norte do estado, ao Porto de Paranaguá. A construção deve durar de três a quatro anos, e vai custar cerca de R$ 630 milhões, segundo estudos de viabilidade conduzidos há mais de um ano pela Copel, pela Compagás (sua subsidiária de transporte de gás natural) e pela Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar), que deve participar do projeto.
Há cerca de um mês, o presidente da Alcopar, Anísio Tormena, anunciou que a associação estava estudando a construção do duto, e que tinha a intenção de se unir ao governo estadual. Na ocasião, Tormena informou que o investimento ficaria entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões mais alto que o divulgado ontem pela Copel. A Alcopar planeja ter participação de 25% no consórcio ou na sociedade de propósito específico que deve ser criada junto com a Copel e demais sócios. Uma lei estadual obriga a Copel a ser majoritária nos empreendimentos de que participa, o que indica que sua fatia será de pelo menos 51%. A participação dos sócios e a parte técnica devem ser concluídas em breve, para que o projeto seja aprovado pela Assembléia Legislativa ainda neste ano. Em seguida, começa a fase de licenciamento ambiental.
Segundo Tormena, a inauguração de um terminal público de álcool no porto, ainda sem data marcada, e o início das obras de um terminal de transbordo da Alcopar em Maringá contribuiriam para a aceleração dos estudos do alcoolduto. Sua capacidade de transporte será de 300 milhões de litros de álcool por mês, pouco mais que o dobro da atual produção paranaense. A Alcopar estima que o estado vai produzir 1,7 bilhão de litros em 2007, dos quais até 600 milhões serão exportados volumes que devem crescer nos próximos anos.
"Acreditamos que seja possível melhorar muita coisa a partir desse estudo preliminar, inclusive especificações técnicas e de materiais, reduzindo os custos de implantação", disse, em nota, o diretor de gestão corporativa da Copel, Luiz Antônio Rossafa. O orçamento atual da obra prevê o uso de dutos de 12 polegadas feitos de uma liga de aço e fibra de carbono. Mas, segundo a Copel, alternativas mais baratas serão avaliadas.
A estatal informou que o traçado do alcoolduto vai aproveitar áreas já desapropriadas e impactadas sob o ponto de vista do meio ambiente. O duto passaria por faixas de segurança das linhas de transmissão da Copel nos cerca de 250 quilômetros entre Maringá e Jaguariaíva (Campos Gerais), e acompanharia por 83 quilômetros a rodovia PR-092, até a cidade de Doutor Ulysses (Vale do Ribeira). A partir daí, seguiria por 100 quilômetros o traçado do Gasoduto Bolívia-Brasil, até Araucária. Os últimos 95 quilômetros até Paranaguá acompanhariam o atual oleoduto da Petrobrás.