Um pequeno departamento, que envolve engenheiros de várias áreas da companhia, está formando uma espécie de poupança para a Copel. Seus funcionários se concentram em operações que se assemelham um pouco ao mercado financeiro, mas sem a necessidade de guardar dinheiro em caixa: eles têm a missão de acumular conhecimento em fontes alternativas de energia. A empresa, apesar de ter uma geração consolidada em hidrelétricas, prepara-se para uma realidade em que o setor precisará abrir novas frentes para dar conta da demanda.
O projeto mais avançado na área de novas energias da Copel é o geração eólica, que usa a força do vento para girar turbinas instaladas em torres de 25 metros de altura. Iniciado em 1996, o programa mapeou o comportamento dos ventos no Paraná e apontou as regiões de Palmas, no sul do estado, de Castro, no centro, e de Maringá, no norte, como as que têm maior potencial para a instalação dos equipamentos. Interessada em conhecer melhor a tecnologia, a Copel fechou uma parceria com a empresa alemã Wobben para montar a Centrais Eólicas do Paraná, em Palmas.
As cinco turbinas da usina têm capacidade de gerar 2,5 MW algo simbólico diante dos quase 5 mil MW produzidos pelas hidrelétricas da estatal e funcionam bem. "A tecnologia se ajustou ao nosso sistema de distribuição e é bastante confiável", diz Dario Jackson Schultz, gerente da área de energias alternativas da Copel. O negócio, fruto de um investimento de US$ 3,5 milhões e no qual a Copel tem participação de 30%, é rentável. O lucro no ano passado foi de R$ 671 mil. E a região onde ela está instalada já abriga outras duas usinas maiores, só que do lado catarinense do planalto.
Aprendida a lição, a Copel agora estuda a viabilidade colocar mais torres no estado. É pouco provável que o cenário com toques surreais de Palmas, onde os imensos cata-ventos se impõem diante da paisagem de campos limpos, se espalhe rapidamente por outras cidades do Paraná. "A energia eólica é cerca de 50% mais cara do que a média de mercado hoje", diz Schultz. "A tendência é que com o tempo aumente o preço das fontes mais baratas." Isso porque algumas delas, como o petróleo e os novos aproveitamentos dágua, estão ficando escassos.
Essa mesma lógica deve tornar viável outros dois projetos. A empresa investiu na pesquisa com células de hidrogênio e agora partiu para o campo da biomassa. Em 2001, a companhia acionou o primeiro gerador movido a hidrogênio da América Latina. Ele gera 200 kW e abastece a central que a empresa mantém na BR-277, na saída de Curitiba para Ponta Grossa.
Outros dois equipamentos desse tipo já entraram em operação. Um está no Lactec e outro no Hospital Erasto Gaertner. O sistema é limpo, pode ser instalado em qualquer lugar (inclusive em automóveis) e tem a vantagem de usar um combustível abundante na natureza, o que o torna uma aposta de especialistas para o futuro.