Ravedutti: mercado espera menos ingerência política| Foto: Divulgação

A Companhia Paranaense de Ener­gia (Copel) começa na próxima semana sua "era pós-Requião". Na segunda-feira, o conselho de ad­­ministração da estatal deve eleger para o cargo de diretor-presidente o economista Ronald Thadeu Ra­­vedutti, atual diretor de distribuição da companhia. Indicado pelo governador Orlando Pessuti, Rave­dutti assume o lugar de Rubens Ghilardi, principal executivo da Copel desde fevereiro de 2005.

CARREGANDO :)

Apesar da mudança, analistas de mercado veem poucas chances de transformações grandes ou imediatas na empresa antes de 2011. "O que o mercado espera é que a ingerência política sobre a Copel, uma marca do ex-governador, diminua um pouco, embora o grupo indicado por ele ainda esteja lá. A expectativa maior é para o ano que vem, com a possível troca de governo", diz Osmar Camilo, da corretora Socopa.

No governo de Roberto Requião, a Copel adotou uma política de descontos tarifários tida como desfavorável aos acionistas, além de pagar dividendos menores que outras companhias de eletricidade. Em relatórios recentes de bancos e corretoras, é frequente a menção à possibilidade de que no próximo ano assuma o governo um candidato "menos populista" e mais "amigável" ao mercado, o que poderia valorizar as ações da empresa. O "preço-alvo" estimado para dezembro pela maioria das corretoras oscila entre R$ 40 e R$ 49, bem acima da cotação atual – ontem, os papéis da Copel fecharam o pregão da Bovespa em R$ 35,35, com alta de 1,4%.

Publicidade

Apesar das queixas do mercado, os lucros da companhia nos últimos anos, em especial sob o comando de Rubens Ghilardi, superam com folga os registrados em governos anteriores – desde 2006, a companhia exibe lucros anuais superiores a R$ 1 bilhão.

Aumento de capital

Na terça-feira, já com novo presidente, a Copel pode aumentar em 55% seu capital social, de R$ 4,46 bilhões para R$ 6,91 bilhões. A companhia propôs a seus acionistas incorporar reservas de capital e de retenção de lucros feitas nos últimos anos. Se aprovada, a medida pode facilitar um aumento do patrimônio líquido da empresa nos próximos trimestres e, consequentemente, uma maior capacidade de endividamento, explica o analista Luiz Augusto Pacheco, da corretora Omar Camargo.Liberada para assumir novas dívidas, a companhia se fortalece para possíveis aquisições, como a cogitada compra da distribuidora catarinense Celesc. A situação das finanças da Copel é confortável. Com mais de R$ 1,7 bilhão em caixa, a Copel tem hoje uma dívida líquida negativa de R$ 23 milhões – ou seja, mesmo se pagasse todas as suas dívidas de uma só vez, a empresa ainda teria dinheiro à disposição.