A Copel registrou, entre outubro e dezembro de 2012, seu primeiro prejuízo após 35 trimestres seguidos de lucro. E, no acumulado de 12 meses, terminou o ano com o resultado mais fraco desde 2005. Mesmo assim, suas ações preferenciais fecharam o dia com alta de 5,65%, a terceira maior do Ibovespa.
Corretoras que acompanham a empresa se dividiram em relação aos números do balanço anual, divulgados na noite de segunda-feira. Algumas afirmaram que os dados vieram mais fracos que o esperado, outras não viram surpresas e houve ainda quem elogiasse os resultados afinal, 2012 foi um ano difícil para o setor elétrico, com mudanças regulatórias e adversidades climáticas.
Pelo jeito, o que pesou para a valorização de ontem na bolsa não foi o balanço da Copel, e sim duas decisões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em uma delas, a reguladora autorizou o repasse de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) às distribuidoras, que assim podem mitigar perdas com a compra de energia de termelétricas.
Na outra decisão, a Aneel aprovou uma "manobra" feita pelas elétricas no início deste ano. Aproveitando-se de uma brecha aberta pela própria agência, algumas companhias segundo boatos, a Copel estaria entre elas venderam grandes volumes de energia em janeiro, quando o preço de curto prazo disparou. Havia o temor de que a Aneel cancelasse tais transações, mas, como elas foram ratificadas, a maioria das ações do setor subiu: o IEE, que reúne os principais papéis de elétricas, avançou 1,83%.
"Desde que o governo começou a mexer nas regras do setor elétrico, qualquer notícia referente à regulação tem tido impacto muito forte na bolsa", diz Ricardo Corrêa, diretor da corretora Ativa.
Balanço
Pressionado pelo forte aumento dos custos, principalmente de pessoal, e por mudanças no balanço patrimonial determinadas pela Aneel, a Copel viu seu lucro cair 38,3% em 2012, para R$ 726,5 milhões. Segundo a estatal, os gastos com funcionários foram inflacionados por reajustes salariais e pelas indenizações aos 790 empregados que aderiram ao programa de demissão voluntária. Sozinho, esse plano teve impacto negativo de R$ 111,4 milhões.
Outro fator que prejudicou a empresa, principalmente no quarto trimestre, foi a necessidade de comprar energia térmica em grande quantidade e a preços altos para compensar a queda na produção das hidrelétricas, que estavam com reservatórios minguados. Segundo a Copel, as despesas com a aquisição de energia aumentaram 55% nos últimos três meses do ano, atingindo R$ 837 milhões. Somados a outros fatores, esses gastos contribuíram para um prejuízo líquido de R$ 97,5 milhões no período.