Depois de entrar em São Paulo, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) tenta hoje marcar posição em Santa Catarina. A estatal, que há pouco menos de dois meses arrematou uma linha de transmissão e uma subestação em território paulista, deve brigar pela concessão da hidrelétrica de Garibaldi, no Rio Canoas, na região serrana catarinense. O projeto, de construção estimada em R$ 719,3 milhões, é um dos três que serão leiloados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a partir das 10 horas. Também serão licitadas as usinas de Ferreira Gomes, no Amapá, e Colíder, em Mato Grosso.
Quando pronta, Garibaldi terá potência de 177,9 megawatts (MW), metade da capacidade da hidrelétrica de Mauá, que a Copel constrói nos Campos Gerais em parceria com a estatal federal Eletrosul. Embora seja relativamente pequena, Garibaldi faz parte do mapa de expansão traçado pelo presidente da Copel, Ronald Ravedutti no fim de maio, o executivo manifestou a intenção de repetir o consórcio com a Eletrosul para a disputa pela usina catarinense.Até ontem à noite, no entanto, nenhuma das duas estatais confirmava uma nova dobradinha. E, se não disputarem o leilão lado a lado, muito provavelmente serão adversárias: a Eletrobras, controladora da Eletrosul, deixou claro nesta semana que fará o possível para arrematar as três hidrelétricas.
Viabilidade
Além de ser o mais próximo do Paraná, Garibaldi é tido como o empreendimento mais viável a ser ofertado hoje. "Ele está numa região muito mais simples, do ponto de vista da logística", diz o analista João Carlos Mello, presidente da consultoria Andrade & Canellas. Mas, na avaliação dele, nenhum dos três projetos é muito atrativo do ponto de vista financeiro. O problema, segundo Mello, é a estimativa de custos feita pela Aneel que estaria subestimada, o que já teria ocorrido em leilões anteriores, como o de Belo Monte, em abril.
O orçamento da usina serve de base para a definição da tarifa máxima da energia que ela vai gerar. Assim, se os custos reais da obra superarem as previsões, a venda de sua eletricidade pode não compensar o investimento. No caso de Garibaldi, o teto estabelecido pela Aneel é de R$ 133 por megawatt-hora (MWh), e vence o leilão quem oferecer o maior desconto sobre esse valor.
No leilão de sistemas de transmissão de 11 de junho, a Copel arrematou dois lotes oferecendo deságios de mais de 35%, em propostas tidas como ousadas. Nos próximos dois anos, a estatal vai investir R$ 270 milhões nesses projetos, que por 30 anos vão gerar receita anual próxima de R$ 23,2 milhões. A companhia argumentou que pôde oferecer tarifas mais baixas porque acordos com fornecedores reduziram seus custos. E lembrou que em projetos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) caso dos sistemas arrematados as estatais têm financiamento facilitado. Isso pode ajudar na disputa por Garibaldi, que também faz parte do PAC.
Expansão
No fim de junho, a Copel encerrou sua política de descontos tarifários e aplicou o reajuste anual autorizado pela Aneel, o que elevou em cerca de 15% o valor da conta de luz. A empresa justificou as medidas com o argumento de que precisa fazer caixa para, entre outras coisas, investir na expansão dos sistemas de geração e transmissão.
Além de disputar concessões em leilões como o de hoje, a companhia atua em outras frentes. Em uma delas, está elaborando projetos básicos de 11 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e estudos de viabilidade de quatro usinas de médio porte, todas no Rio Piquiri, que cruza o Oeste do Paraná. São projetos que, no futuro, podem vir a ser executados pela própria empresa.
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