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A Copel não pretende assumir sozinha o maior risco envolvido na retomada da termelétrica UEG Araucária: o contrato de fornecimento de gás. A companhia trabalha com duas alternativas para tornar a usina viável. Em uma frente, ela pede que o Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão que controla os fluxos de geração e distribuição de energia elétrica no Brasil, ofereça as garantias financeiras para o abastecimento da usina. Além disso, a estatal paranaense, que detém 80% de participação na UEG, negocia o aluguel da termelétrica para a Petrobras, o que tiraria da Copel a responsabilidade pelo contrato do gás.

A possibilidade de locação da usina é ainda tratada com muito cuidado pela Copel e pela Petrobras, que não se manifestam sobre o assunto, e pode não se concretizar no prazo curto imposto pelo ONS – o órgão quer a usina no sistema dentro de duas semanas para reduzir o risco de racionamento provocado pela estiagem na Região Sul. O conselho de administração da estatal paranaense deu o sinal verde às negociações em sua última reunião extraordinária, realizada em 18 de agosto. O item 1.4 do sumário da ata do encontro autoriza "a continuidade das negociações com a Petrobras para locação da UTE Araucária".

Por enquanto, estão sendo realizados os testes e os ajustes dos equipamentos, com gás suficiente apenas para essa fase e comprado diretamente pela Copel junto à Compagás, distribuidora do combustível no estado. A Copel aguarda uma resposta do ONS para ver como atenderá ao pedido daquele órgão para que a UEG entre em funcionamento até o início de setembro.

As empresas e órgãos envolvidos na negociação não chegaram a uma fórmula que mantenha a remuneração da UEG, sem que a Copel assuma sozinha os riscos do negócio. "Não vamos dar a garantia para a conta do gás. Isso terá de partir do ONS", afirma Rubens Ghilardi, presidente da Copel. "Os custos maiores da compra de energia térmica terão de ser repartidos pelo pool de concessionárias do setor", completa. O mesmo raciocínio vale, segundo Ghilardi, para o contrato de gás, que geralmente tem cláusulas em que o fornecedor recebe mesmo que o combustível não seja usado. A Petrobras asseguraria o fornecimento até dezembro deste ano.

Nas projeções iniciais da Copel, o MWh (megawatt/hora) produzido pela UEG custaria R$ 140, quase o dobro do que vem sendo pago pelas distribuidoras que compraram energia no leilão de energia velha, fornecida por hidrelétricas já em funcionamento. Com a crise que a Petrobras enfrenta na Bolívia, é provável que o valor calculado para a usina de Araucária seja revisto para cima. De qualquer maneira, o preço, segundo Ghilardi, seria competitivo para entrar no próximo leilão de energia, onde são fechados os contratos de longo prazo do pool das concessionárias brasileiras.

Para que a UEG entre em funcionamento em caráter emergencial, foi feito um investimento de R$ 3 milhões. O dinheiro foi usado para testes e ajustes. Itens mais complexos, como um vazamento na unidade de tratamento de gás (que não será usada agora) ou a adaptação das turbinas para que elas aceitem outros tipos de combustível, foram deixados para uma segunda fase.

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