A Copel Telecomunicações deve investir R$ 40 milhões num projeto que transformará a estatal paranaense em fornecedora de banda larga para pessoas físicas atualmente a empresa oferece infraestrutura de transmissão de dados apenas para clientes corporativos. Os recursos serão usados para estender redes de fibras ópticas por 37 bairros de Curitiba, até o fim de 2011. Eles são provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entidade ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, que também entra com R$ 12 milhões para o desenvolvimento de conteúdo, aplicações e serviços compatíveis com a rede.
Segundo o engenheiro Marcos de Lacerda Pessoa, coordenador dos projetos de Banda Extra Larga (BEL) da empresa, a companhia usará a tecnologia GPON, de fibras ópticas passivas, que permitirá velocidades de até 100 megabits por segundo (mbps) para clientes residenciais. A taxa de transferência é simétrica ou seja, será igual para downloads e para uploads , o que deve permitir um trânsito mais pesado de dados. Hoje, as operadoras de telefonia oferecem 100 mbps para downloads (ou seja, para "baixar" arquivos). No upload, a velocidade cai para 10 mbps. O preço desses pacotes costuma ficar próximo aos R$ 500 por mês.
Com essas capacidades, a Copel poderá fornecer serviços de acesso à internet, telefonia e de tevê por assinatura num único cabo (chamado, no jargão das telecomunicações, de triple play). Esses serviços, entretanto, não seriam prestados pela própria empresa, mas por parceiros ainda a serem selecionados. O aumento das velocidades e a universalização dos serviços é tendência em todo o mundo. Na Coreia do Sul, país mais avançado nesse quesito, a banda larga já é acessível a 97% dos cidadãos. Lá, o projeto do governo local é permitir que, em 2012, toda a população tenha acesso a uma velocidade de 1 gigabit por segundo, o suficiente para baixar um filme de duas horas em 12 segundos.
Lacerda Pessoa observa ainda que o fornecimento do acesso por meio da Copel Telecomunicações deve ser diferente das fórmulas vigentes hoje. Em vez de comprar um pacote da operadora, o usuário pagará pelo uso uma cobrança semelhante à de energia elétrica, por exemplo. Até agora, as redes foram instaladas apenas em oito edifícios residenciais de Curitiba, que estão sendo mantidos em sigilo pela empresa. A Copel está agora na fase de definição de preços. Na fase de implantação, a estatal investiu R$ 47 milhões em recursos, também da Finep.
O próximo passo agora é dar partida ao projeto BEL-i9, que prevê a criação de nove incubadoras de empresas pelo estado. Elas abrigarão projetos de geração de serviços e aplicações que alimentarão de conteúdo a rede da Copel Telecomunicações. De acordo com Lacerda Pessoa, parcerias com instituições de ensino e com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) tornarão viável a instalação das incubadoras. "É um projeto que vai fomentar o empreendedorismo no Paraná e reduzir o custo para empresas operarem no estado", diz. Essas parcerias ainda não foram firmadas.
Escolas
A Copel tem hoje a maior rede de fibras ópticas do país fora das operadoras de telefonia. São 17 mil quilômetros de infraestrutura, criada para transmitir informações sobre as redes de energia, e que já vem sendo usada por clientes corporativos. Além disso, a Copel Telecomunicações também fornece serviços ao governo do estado. Esses serviços incluem a conexão de banda larga para 2.100 escolas públicas do estado e a interligação de 1.570 prédios públicos em todo o estado.