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Energia

Copel projeta 9 pequenas hidrelétricas

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O governo estadual do Paraná, que desde 2003 mantém suspensos os processos de licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), parece disposto a rever sua posição: a Copel anunciou que pretende construir nove PCHs – cinco no Rio Chopim, três no Rio Areia e uma no Rio Cavernoso –, nas Regiões Sul e Sudoeste do Paraná. A potência total das usinas é de pouco mais de 170 megawatts (MW), energia suficiente para abastecer uma cidade com cerca de 500 mil habitantes. O anúncio foi feito na última quinta-feira pelo diretor de relações com investidores da estatal, Élzio Machado, durante palestra para investidores na ExpoMoney, em Curitiba. A companhia não informou quando pretende iniciar os projetos.

O investimento da estatal nas pequenas centrais – cuja potência não pode ultrapassar 30 MW – deverá ficar próximo de US$ 170 milhões (R$ 345 milhões), uma vez que o custo de construção de uma hidrelétrica é estimado em aproximadamente US$ 1 mil para cada kilowatt (kW) de potência instalada. No entanto, para levar adiante seu projeto, a estatal terá de superar uma barreira imposta por seu próprio controlador, o governo estadual: em maio de 2003, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que também integra a estrutura administrativa do estado, deixou de conceder licenças ambientais para todo tipo de usina hidrelétrica. Desde então, pelo menos 64 projetos de PCHs estão impedidos de sair do papel – 63 deles pertencem exclusivamente a empresas privadas e uma tem participação da Copel (veja matéria nesta página).

Há outros possíveis obstáculos. A Copel foi a autora dos estudos de inventário hidrelétrico dos três rios em que pretende investir – cada inventário, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), aponta os melhores locais para se construir as usinas, e fica à disposição de qualquer interessado. No caso de oito das nove PCHs anunciadas pela estatal, empresas privadas se adiantaram à estatal e elaboraram, nos últimos anos, alguns dos projetos previstos pelo inventário. Por isso, para construir as suas PCHs, a Copel terá de apresentar um projeto alternativo para eles ou se associar às empresas que conseguirem a autorização da Aneel.

No banco de informações da Aneel, as três usinas do Rio Areia – todas pertencentes à J. Malucelli Energia – constam como "em outorga". A Brascan Energética tem dois projetos no Rio Chopim com "outorga condicionada". No mesmo rio, outros dois empreendimentos – pertencentes à Brascan e à Trix Engenharia Civil – estão em fase de outorga. Para obter a chamada "outorga de autorização", que permite a construção das usinas, é preciso apresentar à agência reguladora as licenças ambientais. Com o embargo do IAP, alguns projetos estão emperrados desde 2001.

Questionada, a Copel informou que construirá as PCHs desde que, obtida a outorga de autorização, viabilize a venda da energia gerada por elas. Caso as empresas privadas consigam suas autorizações, a estatal disse que nada a impede de "estudar quaisquer propostas que atendam ao interesse público", desde que seja a sócia majoritária.

Por e-mail, a Brascan informou apenas que "está cumprindo as exigências ambientais e que, assim que os processos forem concluídos, espera obter as licenças". Joel Malucelli, diretor do grupo que controla a J. Malucelli Energia, disse não ter sido contatado pela Copel, mas considerou "muito interessante" uma possível sociedade com a estatal.

O diretor da consultoria em energia Enercons, Ivo Pugnaloni, alerta que, no caso de a Copel se associar a empresas privadas sem fazer licitação, as obras correm o risco de ser embargadas na Justiça por outras companhias. "Seria mais transparente a Copel promover chamadas públicas, para que todos os interessados pudessem participar. É o que fizeram as estatais Celesc [Santa Catarina], Eletronorte e Eletrobrás."

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