Munida dos resultados de mais de 100 simulações, a Copel decidiu ontem que sua melhor alternativa é aceitar a renovação da concessão de 86% de sua área de transmissão de energia e não renovar os contratos de quatro hidrelétricas de pequeno e médio porte que correspondem a 5% de seu parque gerador.
A decisão será informada até terça-feira ao governo federal autor do plano de concessões que nos últimos dois meses colocou em polvorosa o setor elétrico, ao propor a renovação antecipada de contratos em troca de uma forte queda no faturamento das empresas.
Como a Copel optou por renovar os contratos de transmissão, sua receita com eles cairá 58% já no ano que vem, passando de um teto anual de R$ 305 milhões para R$ 127 milhões. Em compensação, a estatal garante a posse desses ativos até o fim de 2042, e receberá uma indenização de quase R$ 1,1 bilhão por investimentos não recuperados valor equivalente a quase todo o lucro líquido da empresa em 2011 (R$ 1,2 bilhão).
Até quinta-feira, a indenização proposta era de R$ 894 milhões, mas ontem o Planalto voltou atrás e aceitou indenizar as empresas pelos sistemas que começaram a operar antes de maio de 2000. A Copel calcula que, com isso, receberá aproximadamente R$ 178 milhões a mais.
Com a negativa em relação às quatro hidrelétricas, a estatal continuará recebendo as tarifas atuais até o fim dos contratos, em 2014 e 2015. Por outro lado, perderá as concessões e, se quiser, terá de recuperá-las em futuras licitações. A empresa já sinaliza que provavelmente só vai disputar a concessão da maior delas, a Parigot de Souza, em Antonina.
"Nosso acionista maior [governo estadual] nos orientou desde o início para que tomássemos a decisão que gerasse mais valor para a empresa, ou que menos a prejudicasse, e que atendesse às necessidades do estado. Foi o que fizemos", disse à Gazeta do Povo o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer. "Para chegar à alternativa escolhida, consideramos mais de 100 possibilidades, entre renovar este contrato e não aquele, aceitar tal tarifa agora ou disputar uma nova licitação, etc."
Zimmer disse que, no caso da transmissão, "a empresa consegue se acomodar à proposta do governo". Também pesou o fato de que, se abrisse mão da renovação para disputar a concessão novamente em 2015, a Copel teria dificuldades em arrematá-la. "Temos aqui no Paraná dois concorrentes muito fortes na área de transmissão, Furnas e Eletrosul, que teriam condições muito melhores de vencer o leilão."
Planalto queria baixar tarifa de usina em 77%
Para renovar já a concessão da hidrelétrica Parigot de Souza, o governo federal propôs uma queda de 77% na tarifa da energia gerada pela usina. De acordo com o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, se a estatal aceitasse a proposta, o preço do megawatt-hora (MWh) cairia de R$ 95 para R$ 22.
"É uma tarifa muito modesta, que desconsidera a possibilidade de qualquer contingência. Você pode passar 30 anos operando e não ocorrer nada, mas, se ocorrer, o risco será exclusivamente do operador", diz Zimmer. Para ele, os valores propostos pelo governo ao setor ameaçam a segurança do sistema e o abastecimento de energia.
"Quase imbatíveis"
Segundo o executivo, a Copel tem todas as condições de arrematar novamente a concessão de Parigot de Souza em uma futura licitação: "Seremos quase imbatíveis. Temos lá uma vila para todos os operadores, a expertise de 40 anos de operação, conhecemos como ninguém as máquinas, o sistema, o projeto, tudo".
Inaugurada em 1971, a hidrelétrica tem capacidade de 260 MW e foi a maior usina da Copel até 1980. Subterrânea, gera energia a partir de uma gigantesca queda dágua o desnível de 754 metros entre o Rio Capivari, na Grande Curitiba, e o Rio Cachoeira, em Antonina.
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