Privatização
Direção nega qualquer possibilidade de venda
A guinada da Copel rumo a uma atuação mais voltada para resultados voltou a alimentar boatos sobre a possibilidade de a estatal ser privatizada, estratégia refutada pelo presidente da companhia, Lindolfo Zimmer. "Uma empresa como a Copel só poderia ser colocada à venda em dois casos. O primeiro é a vontade do acionista majoritário, no caso, o governo, que obviamente não tem nenhuma intenção de se desfazer da companhia. O segundo seria por exigência dos clientes, insatisfeitos com o serviço, o que também não é o caso", afirma.
Em 2001, o ex-governador Jaime Lerner tentou privatizar a Copel, estratégia que foi alvo de várias ações na Justiça. As duas tentativas de levar a empresa a leilão acabaram fracassando. Na última delas, em novembro daquele ano, as empresas inscritas GP Investimentos, Beta Participações, da belga Tractebel e Maromba (consórcio formado pela Vale e a Votorantim) não compareceram para apresentar garantias. (CR)
Estatal terá 30% de usina em Baixo Iguaçu
O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, confirmou que a empresa terá 30% da usina de Baixo Iguaçu, cujo leilão foi vencido pela Neoenergia em 2008. A hidrelétrica, com capacidade instalada para 350 MW e situada entre os municípios de Capanema e Leonidas Marques, enfrenta várias ações judiciais e as obras não começaram até agora. "A Copel acertou sua entrada no negócio. A empresa tem condições de levar capacitação técnica para o empreendimento", afirma Zimmer. A Eletrosul, segundo ele, deve ficar com 15%. Copel e Eletrosul, curiosamente, perderam a disputa do leilão de Baixo Iguaçu para a Neoenergia.
O presidente da Copel admite que os prazos da obra terão que ser revistos por conta dos atrasos. A usina deveria funcionar comercialmente a partir de 2013.
Tibagi
Enquanto isso, a Copel pretende colocar em operação a usina de Mauá, no Rio Tibagi, até dezembro deste ano. A obra, que deveria ficar pronta em janeiro de 2011, também sofreu uma série de paralisações por conta de ações na Justiça envolvendo questões ambientais. Os atrasos na obra fizeram surgir boatos sobre problemas na estrutura da usina, mas Zimmer diz que desconhece qualquer situação do gênero.
Localizada entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira, a obra está orçada em R$ 1,3 bilhão. Além da Copel, que detém 51%, a Eletrosul tem 49% do consórcio vencedor. Com 361 MW, a usina terá capacidade para iluminar uma cidade com 1 milhão de habitantes. (CR)
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) pretende recuperar a posição perdida nos últimos anos, quando viu sua participação no mercado energético brasileiro cair de 6%, no início dos anos 2000, para os atuais 4,5%. E, para isso, a empresa deve ir às compras, segundo o presidente da companhia, Lindolfo Zimmer.
De acordo com ele, a falta de investimentos mais agressivos na expansão em seu parque fez com que a empresa perdesse espaço no cenário brasileiro. "Foram decisões estratégicas do acionista principal, que não nos cabe agora discutir, que culminaram com essa perda de participação no Brasil e no Paraná", diz.
No plano de expansão, que foi divulgado dias atrás, entre as principais metas da companhia está o crescimento de 44% da potência instalada do seu parque, passando dos atuais 5,158 mil megawatts (MW) para 7,427 mil MW.
O anúncio foi uma espécie de recado para o mercado de capitais sobre a nova estratégia da companhia. "A Copel passa a ser gerida como uma empresa, essa é a orientação do governo. Queremos revelar que estamos no jogo. O desafio é mostrar que somos tão bons ou melhores do que uma companhia privada", afirma.
Um dos objetivos é voltar a ser "superavitária" no Paraná. Hoje, o "déficit" entre a capacidade instalada da empresa e a demanda do estado é de 30%, ou 600 MW médios. "Significa que a Copel está deixando de atender um mercado equivalente a uma população de 1,6 milhão de pessoas, o equivalente a uma cidade como Curitiba", diz Zimmer. "No passado o estado foi exportador de energia. Hoje ele importa", diz.
Em caixa
Para fazer frente aos seus planos, a Copel conta com um caixa de R$ 2 bilhões e o baixo endividamento 17% sobre o patrimônio líquido se comparado à média de mercado de companhias de mesmo porte, que gira em torno de 40%, segundo Zimmer. Ele acrescenta que a companhia se prepara para investir tanto na participação em projetos quanto na aquisição de concorrentes. "Há grandes empresas no mercado, principalmente da Espanha e Portugal, que vêm passando por dificuldades nos seus países de origem e são oportunidades de aquisições por aqui", declara.
Zimmer não revela nomes, mas nos últimos meses surgiram especulações sobre a possibilidade de venda de ativos da espanhola Endesa no Brasil a companhia, no entanto, nega essa possibilidade.
Leilões
No curto prazo, a Copel mira os leilões que devem começar em agosto deste ano, como de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de eólicas e de geração hidrelétrica no Norte do país. Entre os alvos estão as usinas de São Manoel (746 MW), Sinop (461) e Foz do Apiacás (275 MW), que integram o complexo hidrelétrico no Rio Teles Pires, no Pará, onde a empresa venceu o leilão da usina de Colíder, que está em construção. As obras dessa última, que foram alvo de uma ação na justiça, foram retomadas, segundo Zimmer.
Outros oito empreendimentos que devem ir a leilão no Rio Tapajós, do qual o Teles Pires é afluente, também interessam à estatal.
A Copel espera que até 2015 pelo menos 22% da capacidade do seu parque gerador sejam provenientes de projetos de fontes alternativas de energia. Recentemente, a Copel anunciou a compra de participação em três usinas eólicas no Rio Grande do Norte.
Nanicas
As companhias de energia de pequeno porte no Paraná, que atendem municípios pequenos, como Força e Luz de Coronel Vivida (Forcel), a Companhia Campolarguense de Energia (Cocel) e a Companhia Força e Luz do Oeste (CFLO), de Guarapuava, no Centro-Sul do estado, também estão na mira da Copel. "Essa integração nos interessa", diz. O apetite pelas "nanicas" vem desde 2008, mas até agora nenhum negócio foi fechado.
Para Zimmer, a demanda por energia no estado deve dar um salto nos próximos anos, principalmente com a instalação de novas indústrias no estado. No primeiro semestre, o mercado cativo da empresa cresceu 4%, para 11.086 gigawatts-hora (GWh), com destaque para a classe comercial.
Sem contar os recursos para aquisições e disputas em leilões, a Copel já anunciou R$ 2,06 bilhões em investimentos para 2011. Metade desses recursos vai para geração e transmissão de energia. O segmento de distribuição da companhia receberá aportes de R$ 933,3 milhões, enquanto a subsidiária de telecomunicações terá R$ 102,4 milhões.
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