Os três lotes que interessam à Copel terão, juntos, quase 2 mil quilômetros de linhas de transmissão.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

Depois de investir bilhões de reais em regiões distantes do Paraná, a Copel voltará a concentrar esforços no estado. Na falta de grandes leilões na área de geração de energia, a companhia avisa que entrará com apetite nas licitações de sistemas de transmissão que o governo federal está preparando.

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Estão na mira da estatal as concessões de três lotes de empreendimentos no Paraná e em Santa Catarina que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve leiloar em 2017 e 2018. Eles somam quase 2 mil quilômetros de linhas e devem exigir investimentos próximos de R$ 3 bilhões, segundo o diretor-presidente da Copel Geração e Transmissão, Sergio Lamy.

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“Conforme nosso planejamento estratégico, neste momento estamos dando prioridade a investimentos no estado do Paraná”, diz o executivo. “Com isso, temos uma sinergia muito maior com os ativos, recursos humanos, com tudo o que temos aqui no Paraná. Conseguimos otimizar custos de operação e manutenção. Temos uma facilidade muito maior para construir dentro do estado, então o risco é menor.”

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O executivo vê uma “conjunção de fatores muito favoráveis” para os planos da Copel. Entre eles, o fato de que a oferta de grandes empreendimentos no Paraná ocorre depois de o governo federal melhorar as taxas de retorno dos leilões de transmissão. Nos últimos anos, várias licitações terminaram sem atrair interessados. “Os retornos ficaram bastante interessantes, porque a Aneel revisou as receitas das concessões. Houve uma melhoria sensível nesse sentido”, diz Lamy.

A Copel planeja investir R$ 301 milhões em linhas de transmissão neste ano, 57% menos que o programado para o ano passado (R$ 697 milhões). A explicação para a retração é que a maior parte dos empreendimentos que a empresa vinha tocando nessa área foi concluída em 2016 ou está chegando à fase final.

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A maior parte do orçamento de transmissão deste ano será aplicada nas linhas Araraquara (SP)-Taubaté (SP); Assis (SP)-Londrina; Curitiba Leste-Blumenau (SC); Foz do Chopim-Realeza; e num conjunto de 885 quilômetros de extensão entre Araraquara (SP) e a subestação de Bateias, em Campo Largo, na região de Curitiba. E deve ter início neste ano a construção de uma linha subterrânea de oito quilômetros sob a Avenida das Torres, entre o bairro Uberaba e o Centro de Curitiba.

DE OLHO

A Copel está de olho em três lotes de transmissão que o governo federal planeja leiloar. Um deles, com investimento estimado em R$ 1,1 bilhão pela Aneel, prevê uma subestação e 406 quilômetros de linhas de transmissão ligando as cidades de Ivaiporã, Ponta Grossa, São Mateus do Sul e Campo Largo. O segundo, de R$ 460 milhões, tem quatro subestações e linhas que somam 424 quilômetros entre Pinhão, São Mateus do Sul, União da Vitória, Irati e Ponta Grossa. O terceiro tem investimento estimado em R$ 1,43 bilhão e prevê 1.084 quilômetros de linhas nos estados do Paraná e Santa Catarina, com um pequeno trecho em São Paulo.

Estatal não espera leilões de usinas nos próximos dois anos

Otimista com as licitações de transmissão, a Copel não conta com leilões importantes na área de geração de energia – hidrelétricas, por exemplo – nos próximos anos. Como a recessão derrubou o consumo de eletricidade, as distribuidoras do país estão “sobrecontratadas”, ou seja, têm energia de sobra para os próximos anos.

“A associação das distribuidoras prevê que esse cenário vai perdurar até 2021. Pessoalmente, acho que o equilíbrio de oferta e demanda deve ser atingido um pouco antes. Mas, em qualquer uma das situações, não vislumbro a perspectiva de leilões de geração nos próximos dois anos”, diz o presidente da Copel Geração e Transmissão, Sergio Lamy.

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Empresa vai avaliar “com mais rigor” investimentos fora do Paraná

As dificuldades que a Copel enfrentou ao construir grandes empreendimentos longe do Paraná não desestimulam a companhia a avaliar novas oportunidades em estados distantes. Mas a empresa será mais cuidadosa na análise dos riscos, diz o presidente da Copel Geração e Transmissão, Sergio Lamy.

“[Os problemas] não desestimulam, mas fazem com que a Copel seja muito mais rigorosa na análise das oportunidades de investimento. Vai olhar com mais carinho, com mais rigor, os riscos associados ao empreendimento”, avisa o executivo.

A hidrelétrica de Colíder, em Mato Grosso, teve sua concessão arrematada em 2010, quando Orlando Pessuti governava o Paraná, e deveria ter entrado em operação no início de 2015. Mas uma série de problemas ambientais, trabalhistas e com fornecedores atrasou a obra. Adiado mais uma vez na semana passada, o acionamento da primeira turbina está previsto para o fim deste ano.

Também sofreram atrasos alguns sistemas de transmissão, como as linhas de mais de 1,6 mil quilômetros que a estatal paranaense construiu em parceria com a chinesa State Grid nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.