O ano vai começar com um problema já conhecido para a Copel Distribuição. A companhia vai entrar em 2015 tendo de comprar 20% da sua demanda de energia no mercado à vista a um custo de R$ 388,48 mais do que o dobro da tarifa média paga hoje pela companhia. Isso significa nova pressão para o caixa da distribuidora e custo que, cedo ou tarde, vai chegar ao consumidor. O alívio deve vir apenas a partir de julho, quando serão distribuídos 4,5 mil megawatts (MW) médios em cotas de energia mais barata das usinas que não renovaram as concessões.
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No grupo das distribuidoras mais expostas, junto com Eletropaulo, Light, Cemig, Coelba e CFLO, a Copel vai receber 600 MW médios de cotas no segundo semestre. Essa energia vem de usinas que hoje pertencem à Cesp, Cemig e Copel, cujos contratos vencem no ano que vem, e terá um preço estimado em R$ 30 MWh, bem abaixo da tarifa média paga hoje pela companhia, na faixa de R$ 170.
Mas, até lá, a Copel terá de comprar no mercado à vista o equivalente a 810 MW médios para atender seus consumidores. É a soma de energia que ela não conseguiu contratar no leilão A-1, de 5 de dezembro 179,4 MW médios mais o montante que vai receber de cotas, porém, só no segundo semestre.
"Dos 210 MW que precisávamos no leilão, contratamos apenas 30,6 MW médios. Só a compra dessa diferença no mercado de curto prazo deve onerar o caixa da empresa em R$ 250 milhões de janeiro a junho", afirma o diretor de Distribuição da Copel, Vlademir Santo Daleffe.
Cenário dúbio
Assim como outras distribuidoras, a Copel vive uma situação atípica. Descontratada na primeira metade do ano, a companhia terá de administrar uma possível sobrecontratação no segundo semestre com a chegada das cotas. "Uma das soluções é atrair empresas do mercado livre que estão querendo voltar para o regulado e aumentar o nosso mercado", diz Daleffe.
A Copel começou 2014 como uma das distribuidoras mais expostas. O custo com a compra de energia no mercado de curto prazo cresceu 77% para R$ 1,1 bilhão no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2013. No final de abril, a companhia conseguiu zerar sua exposição com a contratação 388 MW médios de energia no Leilão A-0.
A distribuidora parou então de comprar energia cara no mercado à vista e pôde repassar as variações de custo ao consumidor no reajuste de 24 de junho. Por outro lado, teve de administrar o diferimento de quase 15% do índice de reajuste permitido para este ano.
Somando o porcentual de 5,1% que havia sido adiado ainda em 2013, a Copel poderia aplicar um aumento médio de 39,7% neste ano, dos quais 24,8% acabaram repassados a diferença representa R$ 900 milhões a menos no caixa da companhia durante um ano, até que o valor comece a ser recomposto no reajuste de junho de 2015.