Expansão
Capacidade vai mais do que dobrar nos próximos cinco anos
As empresas que apostaram na energia dos ventos têm bons motivos para comemorar em 2014. No ano em que a estiagem comprometeu o nível dos reservatórios das hidrelétricas, as eólicas venderam mais de 2,2 gigawatts de energia, volume superior ao projetado pelo setor para manter o crescimento, de 2GW por ano. Só no último leilão, realizado no fim de novembro, foram 925,9 megawatts comercializados ao preço médio de R$ 136 por MWh.
Os números ajudam a mensurar os bons ventos que sopram no setor. Nos próximos cinco anos, a capacidade eólica instalada vai mais do que dobrar, passando dos atuais 6,3 GW para 15,3 GW, o que deve equivaler a 9% da matriz elétrica nacional, estima Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). "Estamos falando apenas da energia que já foi vendida nos leilões. Nossa expectativa é chegar a 2019 com 20 GW de capacidade instalada".
Empurrão
A indústria eólica é nova no país. Dez anos separam a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que promoveu investimentos em energias alternativas, incluindo a eólica, dos resultados de 2014. O primeiro leilão competitivo, segundo Elbia, foi realizado em 2009 e as primeiras centrais entraram em operação há apenas dois anos, em 2012. "A cara da indústria eólica no Brasil e no mundo era outra. Felizmente a tecnologia evoluiu bastante, fazendo com que o custo de produção caísse. O gerador atento foi buscar a diversificação", detalha Elbia.
Outro aspecto favorável ao desenvolvimento dessa fonte de energia é o ambiente que vem se desenhando no país, com a instalação de empresas fornecedoras próximas aos polos de geração eólica e com a comercialização da energia nos leilões. Desde 2011, a eólica alcançou um patamar de preço superior a R$ 100 por MWh e se tornou a segunda fonte de energia mais competitiva do país, perdendo apenas para as hidrelétricas de grande porte, cujos novos projetos são cada vez mais difíceis por conta das questões ambientais.
Condicionada a um crescimento vegetativo no Paraná em função de um mercado já definido e da limitação de novas fontes de energia no estado a Companhia Paranaense de Energia (Copel) foi buscar a mais de 3 mil quilômetros de casa a oportunidade para diversificar sua carteira de geração. Em janeiro de 2015, entram em operação dois parques eólicos da companhia, o Santa Maria e o Santa Helena, ambos do Complexo Brisa Potiguar, no Rio Grande do Norte.
INFOGRÁFICO: Confira os municípios onde cada complexo terá centrais eólicas
Com 1,1 mil megawatts de capacidade instalada, o estado abriga cerca de R$ 3 bilhões em investimentos eólicos da Copel com energia já comercializada em leilão. Somando projetos em carteira, a companhia planeja investir R$ 5 bilhões até 2019. O investimento mais recente foi na compra do Complexo Bento Miguel, que terá seis parques eólicos e 64 aerogeradores. A energia que será produzida lá foi vendida no 20º Leilão de Energia Nova da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no final de novembro, por R$ 136,9 o megawatt-hora para ser entregue a partir de janeiro de 2019.
Até abril do próximo ano, os parques do Complexo Voltalia, no qual a Copel tem 49% de participação, também devem começar a gerar energia, consolidando o cronograma de investimentos iniciado com mais afinco a partir de 2011. Antes disso, ainda na década de 1990, a Copel foi a pioneira na implantação do parque eólico de Palmas, no Sul do Paraná, que tem potência reduzida e participação pequena no pool eólico da companhia.
Expansão
No Nordeste, a companhia começou comprando fatias de participação em empreendimentos eólicos no Rio Grande do Norte. Hoje possui cinco complexos e 32 centrais eólicas instaladas em seis municípios. Um terço dos empreendimentos está na cidade de São Bento do Norte. Somando projetos em construção (663,6 MW) e outros em carteira (360 MW), a companhia deve entrar 2019 com 1 gigawatt de potência instalada, o que deve corresponder a quase 10% da sua capacidade de geração.
O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, garante que o preço pago nos leilões é competitivo e remunera os investimentos. "Estamos buscando uma rentabilidade de dois dígitos", diz.
Revisão
O plano da Copel era chegar a 2018 com 3 gigawatts de capacidade eólica instalada, mas a projeção teve de ser revista. As dificuldades do setor elétrico que afetam principalmente a área de distribuição, obrigada a comprar energia cara no mercado à vista para suprir a demanda, devem restringir a capacidade de investimento da empresa como um todo. Apesar dos investimentos ousados em eólicas,o presidente da Copel garante que a companhia está cautelosa na hora de prospectar novos negócios.
Com a crise da escassez de água que vem secando os reservatórios, a aposta da Copel na energia dos ventos é um investimento seguro, pondera Zimmer. "Pessoalmente prefiro as eólicas. Os riscos são menores e não há problemas e atrasos com a liberação das licenças ambientais."
Rentabilidade
Nos últimos leilões, a energia eólica comercializada ficou no teto entre R$ 136 MWh para entrega em três anos, e R$ 144 MWh para cinco anos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) Elbia Melo, o leilão chegou a tal grau de competição que muitos investidores dizem que a taxa de rentabilidade está baixa. "É possível que o preço teto não esteja remunerando os custos de produção, o que sinaliza a necessidade de um ajuste para tornar as eólicas ainda mais competitivas".
9% de participação
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