O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros da economia em 1 ponto percentual. Com isso, a Selic passou de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão foi tomada na reunião realizada nesta quarta-feira (11), a última de 2024.
A alta da Selic foi definida por unanimidade pelo colegiado, que foi presidido pela última vez por Roberto Campos Neto. Em nota, o Comitê afirmou que a decisão "é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante".
O Copom alertou que altas da mesma magnitude devem ocorrer nas duas próximas reuniões. Segundo o colegiado, o objetivo do aumento da Selic é "assegurar a estabilidade de preços" e suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego. A próxima reunião será comandada por Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência da instituição.
O comunicado aponta que "o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior". No entanto, "persiste" uma "assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação".
A diretoria do BC reforçou que está acompanhando a reação causada pelo anúncio do pacote de corte de gastos do governo. As propostas foram recebidas negativamente pelo mercado. Para o Copom, a recepção negativa contribui "para uma dinâmica inflacionária mais adversa".
"A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio", diz o comunicado.
Entre as medidas de corte de gastos, o governo anunciou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Após a divulgação da proposta, o dólar bateu o maior valor nominal da história. Nesta segunda (9), o dólar comercial fechou cotado a R$ 6,082 na venda.
"O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista", disse o colegiado.
Copom destaca impacto do cenário externo na economia
O Comitê ressaltou que os "bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho". também citou que o "ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos".
O novo governo do presidente eleito, Donald Trump, gera dúvidas sobre como será sua política econômica. Para o BC, o cenário externo "suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed)", o banco central americano.
"O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes", diz o comunicado.
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