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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decide nesta quarta-feira (20) um novo corte na taxa Selic, que é usada como referência para os juros de mercado. De acordo com o último boletim Focus do Banco Central, a expectativa de bancos e consultorias é de que a taxa seja reduzida novamente em 0,5 ponto percentual, de 11,25% para 10,75% ao ano.
A expectativa também é respaldada pelo mercado de capitais, que vê probabilidade de 98,5% de uma queda nessa magnitude, segundo indicado pelos contratos de opção de Copom na B3, a bolsa brasileira. Se confirmadas as apostas, o novo patamar da Selic será o mais baixo em pouco mais de dois anos – em fevereiro de 2022, a taxa, então crescente, havia chegado a 10,75%.
O Itaú avalia que o Copom deve continuar sua estratégia de cortes de juros de 0,5 ponto percentual também nas próximas reuniões. No entanto, considera que a evolução do cenário internacional, com uma redução do ciclo de cortes de juros nos EUA e a piora da dinâmica inflacionária no Brasil, pode limitar a queda na taxa de juros no país. A previsão do banco é de que a Selic termine o ano em 9,25% ao ano e permaneça nesse patamar em 2025.
O Bradesco também espera um novo corte de meio ponto, conforme sinalização prévia do comitê. Segundo a instituição, mais do que a taxa de juros em si, o que importa no comunicado pós-reunião e na ata são as sinalizações sobre os próximos passos de ajuste. O banco projeta que 2024 encerre com uma taxa de juros de 9,25% ao ano e espera novas quedas no próximo ano, quando ela poderia chegar a 8,5% ao ano.
A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destaca que a dinâmica atual da inflação não permite grandes mudanças na política monetária. Embora a composição do IPCA seja relativamente benigna, a inflação de serviços apresenta uma forte resiliência, o que é uma preocupação central.
Segundo a XP Investimentos, a inflação mais baixa permite ao Copom manter a sinalização de cortes adicionais de juros. A corretora é mais otimista do que os bancos e projeta uma taxa Selic de 9% ao fim do ciclo, embora reconheça que uma demanda mais aquecida traga riscos de alta. O economista-chefe da XP, Caio Megale, destaca que as perspectivas para a inflação de curto prazo continuam benignas, especialmente devido à dissipação mais rápida do que o esperado dos efeitos do El Niño sobre a inflação de alimentos.
A corretora também prevê mais quatro cortes adicionais de meio ponto percentual e um ajuste final de 0,25 ponto percentual, com uma taxa terminal estimada em 9%. Contudo, há preocupações em relação ao mercado de trabalho aquecido e às transferências fiscais, o que representa um risco crescente para os preços. A XP não descarta a possibilidade de o Copom optar por uma pausa antes de atingir os 9%.