O Banco Central elevou ontem a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto porcentual. A Selic chega 9,5% ao ano, num movimento amplamente esperado e sem nenhuma indicação de mudanças no ritmo do aperto monetário adotado para combater a inflação.
A decisão foi unânime, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC repetiu pela quarta vez, nos mesmos termos, o comunicado que justificou sua escolha de aumentar também pela quarta vez consecutiva a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual. "O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", informou o Copom.
"O BC não está dando nenhum indício de que vai parar com o aperto monetário, e eu achava que ele podia sinalizar no comunicado que poderia parar em breve" afirmou o diretor de Gestão de Recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello. "Provavelmente, na próxima reunião teremos uma elevação de 0,50 ponto porcentual, mas a dúvida de o que vem depois vai ficar no mercado", disse Curvello, acrescentando que, em sua visão, a Selic deverá chegar a 10,25% ao ano.
Dois dígitos
Cresce cada vez mais entre os agentes econômicos a expectativa de que a Selic possa voltar ao patamar de dois dígitos, algo que não se vê desde janeiro de 2012, por conta da inflação ainda elevada, e que este ciclo de aperto possa se estenda por mais tempo. A pesquisa Focus do BC mostrou, no início desta semana, que as Top 5 (instituições que mais acertam as estimativas) veem a Selic subindo a 10,5% ao ano até fevereiro de 2014, com uma elevação de 0,5 ponto em novembro, na última reunião do Copom neste ano, e outras duas altas de 0,25 ponto em janeiro e em fevereiro.
Mas, pelo menos por enquanto, a maior parte do mercado acredita que a Selic irá somente a 9,75 por cento e ficará neste patamar ao longo de 2014.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, vem reiterando que o objetivo da política monetária é trazer a inflação para a meta de 4,5% ao ano, mas sem colocar prazos.
Dose elevada
Segundo a Força Sindical, "o Copom está usando uma dose elevada de forma desnecessária ao estabelecer a taxa Selic pois o índice de inflação, conforme as projeções, do próprio BC, para 2013 será o menor dos últimos três anos". Segundo a entidade, "a diferença entre o remédio e o veneno é a dose", argumentando que o aumento da Selic é excessiva. Em nota, a Força Sindical cita que há uma distância entre o modelo econômico defendido e a política monetária praticada. "Será zelo demais? A dose não pode matar o paciente?", diz a organização.