Depois de elevar nove vezes seguidas o juro básico (Selic), o Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (28), manter a taxa em 11% ao ano. O anúncio encerra, pelo menos momentaneamente, o ciclo de aperto monetário iniciado em abril do ano passado.
A pausa no ciclo de aperto monetário, porém, não deve durar muito. Alguns analistas já projetam novo aumento no final deste ano, após as eleições a serem realizadas em outubro. A avaliação se baseia no cenário de inflação elevada.
O IPCA, índice oficial de inflação, acumula alta de 6,28%. O centro da meta oficial é de 4,5%, com teto de 6,5%. De acordo com pesquisa mais recente do Banco Central com economistas, a projeção é que o IPCA encerre o ano em 6,47%.
A elevação da Selic é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.
Perspectivas
Analistas ouvidos pela reportagem apostam na retomada do ciclo de aperto monetário após as eleições de outubro. A avaliação é que a inflação persistente e próxima ao teto da meta ainda deve provocar novas elevações da Selic.
"Em que pese a deflação dos alimentos no atacado e a sazonalidade favorável no varejo no meio de ano, nossas estimativas ainda apontam a aceleração do IPCA [índice oficial de inflação] para além do teto da meta a partir do segundo semestre do ano", diz relatório da equipe de análise do Banco Pine.
Para os analistas, o ciclo de alta será retomado no quarto trimestre do ano ou nos primeiros três meses de 2015. Essa é a mesma percepção do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa. "Insistir no aperto, buscando aproximar as expectativas do centro da meta, jogaria a economia na recessão - cenário indesejado em um ano eleitoral."
"O ciclo de alta dos juros terminou por ora. Com a inflação ainda distante da meta, o movimento de ajuste monetário terá que ser retomado mais à frente, provavelmente após as eleições. Em nosso cenário básico, a alta ocorreria em dezembro, continuando ao longo de 2015, estabilizando a Selic em 13%", afirma, em relatório.
Para o comitê de acompanhamento macroeconômico da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a mediana - valor que mostra a tendência central de uma amostra- da taxa básica em 2015 deve ficar em 12,25%.
"O mais importante é que ninguém vê corte na Selic no ano que veem, mas sim uma interrupção neste ano. A inflação está pressionada. Mesmo com a atividade fraca, ainda é alta e precisa da taxa de juros para que, ao longo do tempo, convirja para o centro da meta", avalia Fernando Honorato, vice-presidente do comitê.
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