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Selic

Copom indica redução mais lenta dos juros em 2007

Os cortes já efetuados na taxa de juros desde setembro de 2005, que somam sete pontos percentuais, e o fato deles ainda não terem impactado plenamente a economia brasileira foram os argumentos utilizados pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central para justificar o corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros na última semana.

Com isso, a Selic caiu a 12,75% ao ano, o menor patamar histórico, mas que ainda representa juros reais (descontados a inflação) mais elevados do planeta. O ritmo de corte foi reduzido em janeiro. Antes, estava em 0,50 ponto percentual.

"Tendo em vista os estímulos já existentes para a expansão (...) e os cortes já implementados desde setembro de 2005, os membros do Copom entendem que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, demanda que a flexibilização monetária seja conduzida com parcimônia", avaliou o Copom, por meio da ata da última reunião.

"O Copom considera que a atuação cautelosa da política monetária tem sido fundamental para aumentar a probabilidade de que a inflação siga evoluindo segundo a trajetória de metas", avaliou o BC.

Sistema de metas de inflação

Pelo sistema de metas de inflação, o BC deve perseguir uma meta central de 4,50% para 2007 e para o ano que vem. Entretanto, há um intervalo de tolerância em torno da meta central de dois pontos percentuais. Deste modo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como referência para o sistema de metas, pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Cabe ao BC definir um patamar adequado para a taxa de juros, de modo que as metas pré-estabelecidas sejam atingidas. Ao aumentar os juros, desestimula o consumo e a inflação. Ao baixar, ocorre o processo contrário - que também incrementa o crescimento econômico. Em 2006, porém, o IPCA ficou em 3,14%, abaixo da meta central e, para 2007 e 2008, as estimativas do mercado financeiro apontam para uma inflação novamente abaixo de 4,,50%. Para este ano, a projeção é de 3,87% e, para 2008, é de 4%.

Debate sobre juros

Por conta da inflação corrente e das estimativas estarem abaixo da meta central, a condução da política de juros foi alvo de debate nesta semana e causou novo mal estar entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o BC. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou na terça-feira (13), no Congresso Nacional, que o BC estaria perseguindo uma meta "oculta" abaixo de 4,50%. No mesmo dia, Mantega pressionou o BC por reduções mais agressivas dos juros. Segundo ele, a taxa Selic está elevada e tem que cair.

"O BC poderá tranqüilamente nos entregar no final de 2007 algo como 4,5 ou 5% de inflação, que é dentro do centro da meta, que é o desejável, e que conciliará um crescimento mais vigoroso para a economia. O ideal é assim: inflação é igual a crescimento, 4,5% [de IPCA] e 4,5% [de PIB] estaria ótimo", afirmou Mantega na terça-feira (13). O presidente do BC, Henrique Meirelles, por sua vez, afirmou que o BC sempre perseguiu a meta central de 4,50%.

Na quarta-feira, porém, Mantega recuou e disse não querer inflação mais alta - que seria proporcionada por cortes maiores de juros: "O que eu quis dizer é que o BC deve perseguir essa meta porque ela foi pensada como sendo a que permite a conciliação da inflação sob controle e um crescimento maior da economia. É claro que, se conseguirmos, praticando uma política monetária mais flexível, uma inflação menor, melhor ainda. Não sou a favor do aumento da inflação. Muito pelo contrário, uma grande conquista do governo foi ter conseguido uma inflação baixa, e essa conquista tem que ser mantida".

O debate sobre a condução da política de juros acontece em um momento no qual o BC perde o principal estrategista da política monetária em curso, o ex-diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua. Sempre criticado por membros do governo e pelo setor produtivo por seu conservadorismo, o ex-diretor deixou seu cargo no meio da última reunião do Copom, e sequer participou da última decisão sobre a taxa de juros. Foi a primeira vez em mais de cem encontros que um diretor participa somente do primeiro dia da reunião.

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