O estudo mostra que o mais famoso dos dinossauros tinha dificuldade nas curvas| Foto: Reprodução/G1

Diante do recuo do dólar, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou, nesta quarta-feira (6), por intensificar o ritmo de corte da taxa de juros. Neste mês, em vez de baixar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual como nas três últimas reniões do Copom, o BC foi mais agressivo e cortou os juros básicos da economia brasileira em 0,50 ponto percentual, fixando-os em 12% ao ano. A redução veio em linha com as estimativas do mercado financeiro. Até o momento, a Selic estava em 12,50% ao ano.

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A exemplo do ocorrido em abril, quando o dólar estava em R$ 2,03, a decisão do Copom não foi unânime. Neste mês, cinco diretores votaram por uma queda de 0,50 ponto percentual, mas outros dois queriam uma redução menor, de 0,25 ponto percentual. No encontro do mês retrasado, três diretores votaram por um corte maior, de 0,50 ponto percentual, argumentando a contribuição de um nível maior de importações – causado pelo recuo do dólar – estaria gerando um "cenário benigno" para a inflação. A próxima reunião do Copom está marcada para 17 e 18 de julho.

Em 12% ao ano, a taxa de juros brasileira se encontra, novamente, no seu menor nível da história. Entretanto, os juros reais, isto é, descontados a inflação, ainda são os mais elevados do mundo. Dados da Consultoria Up Trend indicam juros reais de 8,3% ao ano com a decisão desta quarta-feira do Copom. O segundo colocado é a Turquia, com juros reais de 7,6% ao ano. Israel e Austrália seguem como terceiro e quarto colocados, com 5,2% e 3,9% de juros reais. Os juros reais médios praticados em 40 países selecionados pela consultoria estão em 2,3%.

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Atração de dólares

Um dos efeitos do alto nível da taxa de juros brasileira, na comparação com outros países, é o ingresso de recursos na economia - que gera a queda do dólar. Isso porque juros altos atraem investidores que buscam uma remuneração melhor do que a obtida em outros países.

Dados do BC mostram que US$ 28 bilhões já ingressaram no Brasil até abril deste ano, valor próximo dos US$ 37,27 bilhões que entraram em todo o ano de 2006 – recorde para um ano fechado.

O Banco Central, por sua vez, argumenta que os cortes efetuados de setembro de 2005 até o momento, de 7,75 pontos porcentuais, ainda não surtiram plenamente efeito na economia brasileira. Especialistas explicam que um corte nos juros demora cerca de seis meses para ter impacto pleno.

Para a indústria brasileira, porém, o corte de 0,50 ponto porcentual implementado nesta quarta não é suficiente para impedir o ingresso de dólares na economia brasileira. "Para afetar as expectativas a respeito da taxa de câmbio e reduzir as intervenções que o Banco Central vem fazendo e que são custosas, será necessária uma queda maior, como 0,75 p.p", avaliou o Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi), em comunicado, antes da reunião do Copom.

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Nova diretoria

Esta foi a primeira reunião do Copom com a participação de Mário Torós, novo diretor de Política Monetária do BC - que entrou no lugar de Rodrigo Azevedo. Anteriormente, já havia saído da instituição o antigo diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, que era considerado o principal estrategista da política de juros altos. No lugar deste, entrou Mário Mesquita. A nova diretoria do BC é considerada pelo mercado financeiro como menos conservadora do que aquela do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Definição da taxa de juros

O BC define a taxa de juros com base no sistema de metas de inflação. Para este ano e para 2008, a meta central estabelecida é de 4,5%. Como existe um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo, pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Ao baixar os juros, o Banco Central estimula o consumo e, ao elevá-los, impede o crescimento dos gastos da população e, consequentemente, da inflação.

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Neste momento, o Banco Central já está mirando na meta de inflação de 2008, visto que existe uma defasagem de seis meses para que um corte dos juros tenha impacto pleno na economia. A estimativa de inflação do mercado financeiro para o próximo ano, porém, está em 4%, abaixo, portanto, da meta central de 4,5%. Isso indica que as reduções de juros deverão ter continuidade.

Ao final do encontro desta semana do Copom, o BC divulgou a seguinte frase: "Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 12% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e dois pela redução da taxa Selic em 0,25 ponto percentual".