Apesar das críticas e das pressões para aumentar o ritmo de queda dos juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) voltou a cortar em 0,5 ponto percentual a taxa básica, para 18% ao ano. Essa é a quarta redução consecutiva da taxa básica. A redução "tímida" confirma que o Banco Central deve manter a posição conservadora, mesmo quando uma série de indicadores endossam as críticas feitas pelo setor produtivo.
O Brasil se mantém como o país com a maior taxa real de juros entre as nações emergentes, segundo um cálculo da Global Invest. Com o corte, o país apresenta juros reais de 12,9%, mais do que o dobro do segundo colocado, o México, com 6,1%. "O Brasil precisa reduzir a Selic em 7 pontos para chegar ao nível mexicano", calcula o economista Thiago Davino, da Global Invest.
Davino analisa que há espaço para que o Copom faça cortes maiores na Selic sem o risco de causar calafrios no mercado financeiro. "Não haveria uma fuga de capitais com uma redução um pouco maior nos juros, diz o economista. Ele ressalta, porém, que a redução da Selic para um patamar próximo ao de outros emergentes exige a execução de outras mudanças econômicas, como a reforma tributária.
"O Copom parece demonstrar que não vai deixar que a reeleição influencie suas decisões", afirma o economista Christian Luiz da Silva, presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon) e professor da Unifae. "Mas continua atual o argumento de que o setor produtivo precisa da redução dos juros para poder respirar." Para ele, a dose de aumento da Selic foi muito forte e há espaço para um corte de até 1,5 ponto sem sobressaltos no mercado.
No setor do comércio, a redução de 0,5 ponto na Selic não deve ser suficiente para reverter a queda nas vendas no Paraná. Vamberto Santana, professor de Economia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consultor da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), afirma que o ideal seria um corte de 1,5 ponto para que houvesse impacto direto no resultado de 2005. "Os indicadores justificam uma revisão mais acelerada na taxa de juro."
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