Brasília (Folhapress) Os juros podem cair para 18% ao ano até dezembro que, ainda assim, a meta de inflação de 2005 seria cumprida. A avaliação é da diretoria do Banco Central, para quem a alta dos preços ficaria em 5,1% exatamente o objetivo perseguido pelo BC mesmo que a taxa Selic fosse reduzida em um ponto porcentual nos próximos dois meses. A projeção consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que, na semana passada, reduziu os juros de 19,5% ao ano para 19%.
De acordo com as explicações do documento, o corte da taxa Selic foi motivado pelo comportamento favorável da inflação. "A convergência ininterrupta da inflação para a trajetória de metas e a resultante consolidação de um cenário de estabilidade macroeconômica duradoura contribuirão para a manutenção do processo de redução progressiva da percepção de risco macroeconômico que vem ocorrendo nos últimos anos", diz o texto divulgado ontem.
Por esse raciocínio, fatores como o controle da inflação, a manutenção da política fiscal que privilegia o corte de gastos para que as despesas com juros possam ser honradas e o desempenho das contas externas favorecem a estabilidade da economia. E, com a estabilidade, diz o BC, "o espaço para que observemos juros reais menores no futuro continuará se consolidando de maneira natural".
O BC fez algumas previsões sobre a inflação e concluiu que, caso juros e dólar encerrem 2005, respectivamente, em 18% ao ano e em R$ 2,33, a alta do IPCA ficará em 5,1%, exatamente a meta perseguida para o período.
Na verdade, as atenções do BC se voltam agora para os primeiros meses de 2006. "Trata-se de horizontes cujos resultados são mais sensíveis às decisões correntes de política monetária do que o ano-calendário de 2005", diz a ata.
Especialistas dizem que alterações nos juros podem levar até nove meses para serem sentidas por completo pela economia. Dessa forma, as decisões que o BC toma agora já estão levando em consideração as projeções para a inflação do ano que vem. Nas contas do Banco Central, uma redução que levasse a taxa Selic a 16% ao ano até o fim de 2006 faria com que a inflação do período ficasse em 4,8%, ligeiramente acima da meta de 4,5% fixada pelo governo, mas ainda dentro da margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.
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