O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu nesta quarta-feira (10) ao manter o ritmo de corte dos juros básicos da economia em um ponto percentual. Com a decisão, a taxa Selic caiu de 10,25% para 9,25% ao ano. Esse foi o quarto corte consecutivo dos juros.
A redução de um ponto percentual nos juros realizada nesta quarta foi igual ao recuo feito em abril. Entretanto, foi mais baixa do que o corte de 1,5 ponto percentual realizado em março de 2009 - no que foi a maior diminuição desde dezembro de 2003.
Juros em um dígito
Com a decisão desta quarta, os juros básicos da economia, que servem de referência para o sistema financeiro, caíram, pela primeira vez na série histórica do Copom, com início em 1996, para um dígito (jargão financeiro), ou seja, para abaixo de 10% ao ano. O patamar de 9,25% ao ano também é o menor da série desde a criação do Comitê de Política Monetária.
O corte não influenciou, entretanto, a posição do Brasil no ranking de juros reais - que são calculados após o abatimento da expectativa futura de inflação. O país segue na terceira colocação, com juros reais de 4,9% ao ano, atrás da China (6,9% ao ano) e da Hungria (5,9% ao ano). O Brasil liderava o ranking até o fim de abril, quando os juros caíram para 10,25% ao ano.
Acima do que esperava o mercado
O corte de juros efetuado pelo Copom foi maior do que esperava o mercado financeiro. A maior parte dos analistas consultados pelo BC acreditava em um corte menor: de 0,75 ponto percentual, para 9,50% ao ano.
PIB e IPCA
A definição da taxa de juros acontece após dois anúncios econômicos importantes: o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio de 2009.
No caso do PIB, que se retraiu 0,8% frente aos três últimos meses de 2008, os economistas avaliaram que o resultado não foi de todo ruim, uma vez que ficou abaixo da expectativa média de queda, que estava próxima de 2%. O resultado abriu espaço, segundo economistas para mais uma redução no ritmo de corte da Selic, o que não aconteceu.
Ao mesmo tempo, o IPCA de maio, que foi divulgado nesta quarta-feira, ficou em 0,47%, um pouco acima da estimativa dos analistas coletada pelo Banco Central na última semana, de 0,40%, o que também pode ser interpretado como um fator que impediria cortes mais agressivos nos juros. No ano, até maio, a inflação oficial somou 2,2%, abaixo dos 2,88% de igual período de 2008, e, em doze meses, totalizou 5,2%.
Metas de inflação
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Copom tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao subir os juros, atua para conter a inflação e, ao baixá-los, avalia que a inflação está condizente com as metas.
Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida. Mesmo com o aumento da inflação em maio, analistas ainda estimam um IPCA em torno de 4,50% em 2009.
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