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Comércio exterior

Em meio ao avanço do coronavírus, Brasil nunca dependeu tanto da China

A soja é o produto brasileiro mais exportado para a China, seguida de petróleo e minério de ferro. (Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo)

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O comércio exterior brasileiro nunca esteve tão dependente da China quanto agora. O que significa que o Brasil está ainda mais vulnerável a oscilações na economia daquele país, que lida com um surto de coronavírus cujas consequências ainda são difíceis de prever.

A China é, com larga vantagem, o principal destino dos embarques brasileiros. Em 2019, comprou US$ 62,9 bilhões, o equivalente a 28% de tudo o que o Brasil exportou no ano, segundo dados do Ministério da Economia. Para os Estados Unidos, segundo maior cliente, foram 13% das exportações nacionais.

A fatia da China nunca foi tão alta. Sua participação, que era de apenas 2% em 2000 e chegou a 15% dez anos mais tarde, passou a aumentar rapidamente a partir de 2017, quando foi a 22%, aumentando para 27% em 2018.

Em valores absolutos, as vendas do Brasil para a China diminuíram 2% na passagem de 2018 para 2019. Apesar do recuo, o resultado foi melhor que o das exportações totais brasileiras, que caíram 6% na mesma comparação.

Entre os responsáveis por essa queda mais forte no comércio exterior está a Argentina, que, em recessão, diminuiu em 35% as importações de produtos brasileiros. A participação do vizinho nas vendas do Brasil, que há duas décadas chegava a 13% e nos últimos anos oscilou entre 6% e 8%, encolheu para 4% no ano passado.

O que a China compra do Brasil

Do Brasil, os chineses compram principalmente commodities. Sozinha, a soja respondeu por 33% dos negócios, seguida por petróleo (24%) e minério de ferro (21%). Na sequência, aparecem pastas químicas de madeira (5%), carne bovina (4%) e frango (2%). Juntos, esses seis itens respondem por quase 90% de tudo o que o Brasil mandou para a China no ano passado.

Os efeitos de uma eventual desaceleração mais forte na economia chinesa, portanto, tendem a recair sobre o agronegócio e empresas como Petrobras e Vale, que apareceram entre as mais afetadas na B3 – a Bolsa de Valores brasileira – no início da semana.

“O impacto se dá justamente nos setores em que temos mais relação com chineses – no caso, commodities. Produtos agrícolas, carnes e também metais”, diz o economista Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria e professor do Insper.

Paralisação na China "posterga ou suaviza" recuperação brasileira, diz Bradesco

Em relatório enviado na manhã desta quarta (29), a equipe econômica do Bradesco afirma que “parece cedo para fazer estimativas sobre o impacto econômico”, mas que o avanço do coronavírus na China e no mundo pode ter algum efeito, pelo menos no curto prazo, sobre a recuperação da economia brasileira.

“Devemos considerar, no mínimo, que a paralisação de grande parte das atividades na China (e em algumas regiões na Ásia) posterga ou suaviza a recuperação esperada para este início de ano”, diz o relatório. “Em outros episódios de epidemias, o impacto tende a ser pontual e depois a economia acaba retomando nos trimestres à frente.”

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