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Páscoa

Corpo-a-corpo para vender mais

Na época mais importante do ano para os fabricantes de chocolates, o presidente da Kraft Foods, detentora da marca Lacta, passa o dia no supermercado reforçando a equipe de promotores de vendas

O presidente da Kraft Foods Brasil, Mark Clouse, com seu estilo próprio de gestão: nada de ficar no escritório | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O presidente da Kraft Foods Brasil, Mark Clouse, com seu estilo próprio de gestão: nada de ficar no escritório (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

A equipe de mais de seis mil promotores de vendas contratados pela Kraft Foods Brasil para trabalhar nesta Páscoa ganhou um reforço ao longo desta semana. De calça jeans, camiseta e um largo sorriso no rosto, o presidente da companhia, o norte-americano Mark Clouse, passou boa parte dos últimos dias, e noites, trabalhando nos supermercados – de olho nos estoques, nas marcas mais procuradas e, principalmente, oferecendo os chocolates Lacta a quem passava. "Dormir? Essa semana não precisa. Vou deixar para fazer isso no domingo."

Desde segunda-feira, Clouse já passou por mais de uma dezena de supermercados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ontem ele visitou cinco pontos-de-venda em Curitiba, onde está instalada a sede administrativa e a fábrica de chocolates da empresa, e hoje deve passar por pelo menos outros dois. Em um mercado tão competitivo, Clouse aposta que a presença no ponto-de-venda faz toda a diferença. "Esta é a época do ano mais importante para nós. Por isso é extremamente importante estarmos todos juntos", diz.

E ele deixa claro que não faz isso para cumprir alguma estratégia da companhia – é mais um traço do modelo Clouse de gestão. "Não gosto de ficar no meu escritório. Gosto de andar pelos corredores e de conversar com as pessoas", conta o presidente, que no início do ano foi à fábrica trabalhar na produção e embalo de ovos. E isso fica bem claro observando a desenvoltura com que ele cumpre a missão de encher os carrinhos alheios de Sonhos de Valsa. Nem mesmo o pouco conhecimento do português atrapalha. Com um carregado sotaque, ele aborda quem procura pelos ovos – "É menino ou menina?". Mesmo que às vezes precise de uma ajudinha: "Com fala mesmo ‘free’ em português? Isso: grátis", repete.

Clouse tem 39 anos e assumiu a presidência da multinacional no Brasil em janeiro de 2008. Antes disso, havia ocupado o mesmo cargo na sede chinesa da Kraft – onde já fazia o mesmo trabalho nas lojas, mas na virada do ano, período em que ocorre a troca de ovos de chocolate na China. "As pessoas gostam muito que você dedique um tempo a elas. Gostam de falar da família, dos filhos. Isso é algo que aprendi nos vários lugares do mundo pelos quais passei", conta o executivo.

E que tal ser atendido pelo próprio presidente da companhia? "Achei muito bacana. Ele é muito gentil. Acho importante que ele conheça a realidade de quem trabalha nas lojas", diz a educadora Eunice Toro – a quem Clouse vendeu dois ovos Bis.

Assim como o presidente, outras centenas de funcionários da área administrativa da companhia foram aos supermercados ao longo desta semana ajudar a vender ovos. Antes disso, no início das vendas de Páscoa, cerca de 100 funcionários já haviam passado pelo programa "Promotor por um dia".

Há 2 anos e meio trabalhando na Kraft, o advogado e coordenador de relações trabalhistas Lúcio Batista Martim conta que este ano trabalhou pela primeira vez na promoção de vendas. "Queria estar mais perto do pessoal de campo, e sentir o que é a Páscoa para eles, que é a época do ano mais importante pra nós", diz. "Não existe uma ordem ou uma cobrança para que a gente faça isso. Mas o estilo de gestão do Clouse de envolver as pessoas influenciou não só a mim, mas a toda companhia."

Neste ano, a Kraft produziu 21 milhões de ovos de chocolate. O faturamento com a Páscoa é mantido em segredo – mas deve ser 10% superior ao registrado na comemoração do ano passado.

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