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Privatização

Depois da Eletrobras, Bolsonaro envia projeto que autoriza venda dos Correios

Projeto enviado ao Congresso abre caminho para privatização dos Correios.
Projeto enviado ao Congresso pelo próprio presidente Jair Bolsonaro abre caminho para privatização dos Correios. (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

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O presidente Jair Bolsonaro e os ministros das Comunicações, Fábio Faria, e da Economia, Paulo Guedes, entregaram nesta quarta-feira (24) à Câmara dos Deputados o projeto de lei que abre caminho para a privatização dos Correios. A meta do governo é que a desestatização aconteça ainda em 2021, depois que for autorizada pelo Congresso. O texto estava para ser encaminhado pelo Planalto desde o fim do ano passado.

O projeto autoriza a privatização dos Correios ao permitir que a União conceda à iniciativa privada a prestação do serviço postal, que hoje é feita unicamente pela estatal por determinação legal. Para isso, será criado um marco legal para o setor postal, com regras gerais da concessão. O novo operador deverá respeitar o princípio da universalidade da prestação do serviço.

O setor postal será regulado pela Agência Nacional de Comunicações (Anacom), em substituição à atual Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Anacom incorporará atribuições que estão hoje com a Anatel, como telecomunicações (telefonia, internet, tevê por assinatura). Atualmente, não há marco legal e nem agência que regule o serviço postal.

O projeto apenas prepara toda essa base legal para a privatização. O modelo de venda será definido depois, pelo Executivo, a não ser que os parlamentares façam alterações nesse sentido. Estudos já estão sendo conduzidos pelo consórcio Postar, contratado pelo BNDES. Os estudos vão subsidiar a decisão do governo.

Segundo apurou a Gazeta do Povo, o governo cogita três possibilidades: privatizar os Correios em blocos regionais, no modelo conhecido como "filé com osso"; transformar a empresa em uma sociedade de economia mista e oferecer ações na Bolsa de Valores; e "desverticalizar" os serviços prestados pela companhia e concedê-los separadamente à iniciativa privada.

Caso o texto seja realmente aprovado, será a primeira grande privatização que o governo Bolsonaro fará. Outra estatal "joia-da-coroa"que o Executivo planeja privatizar neste ano é a Eletrobras, mas a resistência do Congresso é grande.

Até o momento, o governo não vendeu nenhuma estatal de controle direto da União. Algumas liquidações já foram feitas ou estão em andamento, caso da estatal Ceitec (que fabrica semicondutores).

Projetos dos Correios é mais um sinal do governo à agenda liberal

A entrega do projeto de lei foi feita pessoalmente por Bolsonaro ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O texto foi assinado mais cedo, durante cerimônia no Palácio do Planalto.

O objetivo, com o gesto, é sinalizar que o governo não retroagiu de sua agenda liberal após Bolsonaro causar uma crise ao pedir a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por insatisfação com a política de reajuste de preços dos combustíveis.

Na terça-feira (23), Bolsonaro também foi ao Congresso assinar a medida provisória (MP) que agiliza a privatização da Eletrobras. Ela permite que o governo dê início imediato aos estudos de desestatização, enquanto aguarda o Legislativo autorizar a venda.

A oposição, contudo, questionou a validade da medida, alegando que ela não é urgente nem relevante, critérios para edição de MP. Cabe ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), aceitar a MP ou devolvê-la, em caso de inconstitucionalidade.

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