Confira a previsão de 11 corretoras para o Ibovespa em 2009| Foto:

Que setores vão sair na frente?

Se há divergências em suas estimativas para o índice Ibovespa ao fim do ano, as corretoras consultadas estão ainda mais longe de um consenso sobre os setores e empresas que podem sustentar uma eventual alta do índice até dezembro. Parte delas acredita que setores ligados ao consumo no mercado interno terão papel fundamental na recuperação do mercado. Outra parcela acredita que o setor de commodities para exportação é que será responsável por sustentar o índice.

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Prognósticos

As previsões dos analistas das corretoras para o mercado neste ano levam em conta uma série de fatores. Há nuvens negras no horizonte, mas bons ventos podem levá-las embora.

NUVENS NEGRAS

Crédito

Apesar da injeção maciça de recursos no sistema financeiro mundial, o crédito ainda não voltou aos níveis observados antes da crise.

Recessão

Uma recessão mais profunda ou mais prolongada nas principais economias do mundo levará a uma demanda menor por produtos brutos e acabados, o que reduzirá ainda mais os níveis de produção nos países exportadores – entre eles o Brasil.

Consumo

A perda de empregos em todo o mundo criará uma massa de "não-consumidores", o que pode prejudicar setores ligados aos mercado interno de cada país.

BONS VENTOS

Empresas

Os balanços apresentados pelas empresas referentes ao último trimestre do ano passado vieram ruins, mas "menos piores" do que se esperava. Mesmo com os prejuízos no último trimestre, boa parte das empresas registrou lucro no ano.

Bancos

Alguns bancos norte-americanos já sinalizaram para o mercado que irão registrar lucro no primeiro trimestre deste ano, o que leva a crer que o pior da crise já passou.

Pacotes

Calcula-se que governos em todo o mundo tenham aprovado gastos da ordem de US$ 3 trilhões para conter os efeitos da crise. Boa parte do dinheiro nem sequer começou a ser gasto. Além disso, a China pode elevar seu pacote de US$ 585 bilhões para US$ 1,5 trilhão.

Uma consulta com algumas das maiores corretoras de valores do país mostrou que a maioria está bastante otimista com o mercado de ações em 2009. As expectativas para o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, vão desde a casa dos 44 mil pontos (alta de 9,8% em relação ao fechamento de sexta-feira) até 55 mil pontos – neste caso, o índice precisaria disparar 37,7% nos 9 meses que faltam para o fim do ano.

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"A gente já tinha um sentimento de que não era uma crise fácil a ponto de a bolsa antecipar recuperações como em crises isoladas que ocorreram no passado", avalia Ricardo Tadeu Martins, gerente de pesquisa da Planner Corretora – entre as consultadas, a que estima a menor valorização para o índice em 2009. "Mas não estamos pessimistas", garante. "A questão é que teríamos que ter uma sequência de indicadores favoráveis para que essa expectativa de recuperação mais intensa se concretize, o que a gente não está vendo ainda."

Pedro Oliveira Franco, diretor da corretora Oliveira Franco, também entre as mais cautelosas – previsão de 48 mil pontos em dezembro – diz que o Ibovespa pode chegar ao patamar esperado assim que o investimento estrangeiro retornar com mais força ao mercado brasileiro, o que já tem ocorrido neste início de ano. "A gente já está vendo um comportamento positivo do Ibovespa. Esse investimento estrangeiro faz muita diferença no índice, ele facilita muito as altas", diz.

Entre os otimistas, o economista José Góes, da Wintrade – homebroker da Alpes Corretora – acredita que a partir do segundo semestre os ventos serão outros no mercado brasileiro. A queda acentuada nos juros, o que já vem ocorrendo desde janeiro, maior tranquilidade no cenário externo e melhores resultados das empresas no Brasil podem levar o Ibovespa, segundo análise da corretora, aos 55 mil pontos até o fim de dezembro – uma valorização de 37,7% em relação à última sexta-feira.

"Quando os juros chegarem a patamares menores e os efeitos dos pacotes começarem a aparecer, isso tudo somado pode trazer de volta os investidores estrangeiros", avalia. Mas, até a metade do ano, avisa ele, o cenário ainda será turbulento.

Pior não fica?

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Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, trabalha com três cenários para este ano. No mais otimista, o Ibovespa poderia atingir os 55 mil pontos. No cauteloso, ele estima algo na casa dos 48 mil pontos. Mas, em uma expectativa mais pessimista, a corretora avalia que o principal índice da Bovespa não passará dos 38 mil pontos. "Para estimar 37.500 pontos nós levamos em consideração que o PIB dos países desenvolvidos caia ainda mais que o esperado. Isso acaba afetando ainda mais o investidor, leva a um pânico ainda maior."

No entanto, diz ele, a possibilidade de a bolsa ficar "patinando" até dezembro é remota. "Acredito que nós chegamos no fundo do poço quando o índice bateu em 29 mil pontos", considera Vieira. Para ele, uma recuperação mais rápida da China terá condições de levar a bolsa brasileira de volta aos 54 mil pontos. "A China pode mostrar um novo crescimento e isso traz uma vantagem para o Brasil por ser um grande exportador de commodities."