A diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor’s (S&P), Lisa Schineller, afirmou a jornalistas e analistas nesta quinta-feira (18), que o novo corte do rating brasileiro é reflexo principalmente de fatores domésticos, e não de problemas externos.
O cenário externo mais desfavorável – com a China em desaceleração, queda das commodities, volatilidade do mercado financeiro mundial e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevando juros – traz desafios adicionais ao Brasil, mas são os problemas internos que têm pesado mais na economia e na avaliação do risco de crédito do país, disse Lisa em teleconferência para comentar o novo rebaixamento da nota do Brasil.
Petrobras e mais 35 empresas e bancos têm nota rebaixada pela S&P
Leia a matéria completa“O cenário externo não está guiando as ações no rating brasileiro. A trajetória de rebaixamento dos ratings está vindo mais dos resultados da ação ou da falta de ação da política econômica doméstica”, afirmou a diretora da S&P. “O cenário externo torna as coisas mais difíceis, mas a história de crescimento, tão fraca como está, não é por conta dos preços das commodities”, salientou Lisa.
Para a S&P, a recessão no Brasil está ligada principalmente às consequências das investigações de corrupção na Petrobras, que tem reduzido a capacidade de investimento da companhia, e ao cenário conturbado em Brasília, o qual mantém o nível de confiança de empresários e consumidores em mínimas históricas.
Lisa ressaltou que os riscos no Brasil estão mais para o lado negativo e que uma eventual piora adicional nas contas fiscais e no Produto Interno Bruto (PIB) pode levar a S&P a rebaixar novamente a nota do país. “A dinâmica da política em Brasília conteve a execução da política econômica”, afirmou ela, ressaltando que a combinação de economia em forte recessão, do espaço limitado para o uso da política econômica e do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff contribuem para que o ajuste seja mais lento do que o inicialmente esperado.
Perguntada sobre as diferenças entre a crise atual e as outras enfrentadas pelo Brasil no passado, Lisa ressaltou que o câmbio flexível é um ponto positivo e que as contas externas estão muito melhores agora, incluindo as reservas cambiais.
Volta da CPMF
Lisa afirmou que não há um calendário estabelecido para uma nova revisão do rating soberano brasileiro em 2016. Segundo ela, uma revisão vai depender de mudanças que ocorram na dinâmica política e econômica do país. Questionada se a aprovação da CPMF no Congresso seria um fator capaz de levar a S&P a mudar ao menos a perspectiva do rating, que ontem foi mantida em “negativa”, Lisa evitou falar em fatores específicos.
A diretora ressaltou que a mudança da avaliação depende, por exemplo, que as trajetórias fiscal e do PIB sinalizem melhora, ao invés de sinalizarem deterioração, como vem ocorrendo nos últimos meses. As projeções para o PIB, por exemplo, vêm sendo constantemente revisadas para baixo.
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