Miguel Rossetto, da Petrobras Biocombustível: mais etanol significa menos importações| Foto: Fabio Dias

Biocombustível

Estatal pede aumento da mistura de álcool

O Ministério de Minas e Energia recebeu da Petrobras um pedido formal para aumentar de 20% para 25% o teor de álcool anidro na gasolina. A proposta resultou de um estudo sobre a viabilidade financeira e estrutural da alteração na mistura, recém-preparado pela subsidiária Petrobras Biocombustível. O estudo identifica benefícios caso a proposta venha a ser aprovada pelo governo federal. Entre eles, a redução da importação de gasolina, que desde o ano passado, por causa do aumento do consumo e da incapacidade de a Petrobrás abastecer o mercado em expansão, onera o caixa da companhia.

O presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, revelou que aguarda para breve uma resposta positiva do Ministério de Minas e Energia. A decisão significaria a volta da mistura aos níveis anteriores a outubro do ano passado, quando o porcentual caiu de 25% para 20%. "Seria uma medida importante voltarmos ao patamar de 25% do anidro na gasolina. Seria positiva para o setor, pois ampliaria o mercado para o etanol. Há capacidade de assegurar esta oferta e, obviamente, ajudaria numa redução da importação de gasolina", afirmou o executivo.

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Depois de quatro dias de especulações, a Petrobras anunciou ontem um reajuste de 7,83% para a gasolina e de 3,94% para o diesel vendidos nas refinarias da companhia a partir de segunda-feira. O aumento será absorvido pela redução das alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que serão zeradas, e não chegará aos consumidores.

Os reajustes são insuficientes para compensar a defasagem de preços entre o que a Petrobras compra no exterior e os produtos que vende no mercado interno. No entanto, o aumento encampado pelo governo, que abre mão de R$ 420 milhões mensais de arrecadação, atende parcialmente a um pleito da presidente da companhia, Graça Foster, que reivindica a correção de preços desde que assumiu o cargo, em fevereiro. Os acionistas e investidores também aguardavam com ansiedade o anúncio, já que a companhia opera com uma defasagem de 17% no preço da gasolina e de 21% no do diesel. Para atender à demanda crescente no mercado interno, a Petrobras vem importando gasolina a preços mais altos no mercado internacional.

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O reajuste autorizado também é inferior aos 15% que a Petrobras recomendou em no plano estratégico, conforme antecipou o Grupo Estado na quarta-feira. Na segunda-feira, o plano será detalhado pela direção da empresa, que calculou a necessidade de elevação do faturamento da empresa em 15%, como forma de garantir o financiamento do pesado plano de investimentos, de US$ 236,5 bilhões para o período 2012-2016. A recomendação feita no plano, porém, não citou datas, nem se o reajuste seria feito de uma só vez.

A resistência do governo, sócio majoritário da Petrobras, em manter inalterados os preços dos combustíveis tem como justificativa o controle inflacionário. Reajustes na gasolina e diesel puxam aumentos de preços em cadeia. A última apuração do IPCA-15 mostrou inflação acumulada de 5% em 12 meses, com tendência a desaceleração nos próximos meses – um cenário que abre espaço para a elevação de preços dos combustíveis sem grandes ameaças.

O mercado reagiu mal à divulgação do plano, na semana passada, considerando que, sem um reajuste nos combustíveis, a companhia não conseguiria financiar seus investimentos. A Petrobras já perdeu cerca de R$ 7,6 bilhões neste ano ao não repassar as altas de preços no mercado internacional aos preços de seus produtos no mercado interno, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Quando foi criada, a Cide era de R$ 0,50 por litro de gasolina e, em 2003, gerou R$ 1 bilhão mensais em arrecadação. A alíquota vem sendo reduzida para absorver as altas de preço nas refinarias. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, lembrou esta semana que há nove anos não há aumento para o consumidor. Em novembro passado, a gasolina foi reajustada na refinaria em 10% e o diesel, em 2%. O aumento foi compensado pela queda temporária da Cide de R$ 0,192 por litro para R$ 0,091 por litro no caso da gasolina, e de R$ 0,07 por litro para R$ 0,047 por litro no caso do diesel.