O terceiro trimestre foi de bons resultados para a maioria das empresas de capital aberto brasileiras, mas os lucros, no geral, ainda ficaram abaixo do registrado no mesmo trimestre de 2008, segundo especialistas ouvidos pelo G1.

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"Os resultados do 3º trimestre mostram um começo de recuperação. É uma sinalização de que a economia está melhorando", diz Otto Nogami, professor do Insper (ex-Ibmec de São Paulo). "A tendência foi de lucros maiores que no 2º trimestre", diz ele.

"Ninguém imaginou que a recuperação seria tão rápida", diz Samy Dana, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo.

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Muitas empresas tiveram vendas de julho a setembro ainda abaixo das do mesmo período do ano passado, mas para os especialistas o corte de custos e despesas feito pelas empresas no auge da crise surtiu efeito, aumentando os ganhos.

"As empresas cortaram excessos e ficaram mais eficientes", diz Dana. Para Nogami, foi uma consequência "positiva" da crise: "muitas empresas mudaram sua estrutura, cortaram despesas."

Um exemplo de corte de custos e despesas é a Vale, que teve o segundo maior lucro do Brasil no 3º trimestre: a empresa aumentou suas vendas em mais de R$ 2,5 bilhões de julho a setembro em relação ao trimestre anterior, de R$ 11 bilhões para R$ 13,58 bilhões. O custo dos produtos vendidos, porém, subiu em R$ 271 milhões, proporção bem menor. Além disso, do 2º para o 3º trimestre as despesas operacionais caíram em R$ 148 milhões.

O resultado foi que o lucro da mineradora dobrou de R$ 1,47 bilhão de abril a junho para R$ 3 bilhões de julho a setembro.

Nogami diz ainda que antes da crise, o ganho financeiro das empresas também era muito grande e isso ‘tapava’ ineficiências".

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Muitas empresas têm recursos em caixa que ficam investidos, e com os juros altos, antes da crise, o dinheiro rendia muito. Esses ganhos, porém, não eram operacionais, ou seja, não vinham da produção ou venda dos produtos da empresa. Com a taxa Selic em queda, manter os recursos "parados" tornou-se menos atraente e os ganhos financeiros caíram.

No início de 2009, a taxa básica de juros da economia, a Selic, estava em 13,75% ao ano; o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central passou a cortar os juros nas reuniões seguintes e hoje a taxa está em 8,75% ao ano. Dana diz que projeções mostram que o lucro das empresas no ano de 2009 deve ficar próximo ao do ano passado, já que o último trimestre do ano deve manter a tendência de crescimento. "Os resultados devem manter a tendência e serem fortes", diz Nogami.

Câmbio

Prejudicial aos exportadores, o real valorizado também ajudou algumas empresas, aquelas que importam matérias-primas ou máquinas. O real valendo mais faz com que as empresas consigam comprar mais no mercado internacional com os mesmos recursos, reduzindo os custos e despesas. "As máquinas, principalmente, que têm preços em dólar, ficaram mais baratas para as empresas brasileiras importarem e elas ganharam com isso", diz Dana.

Por outro lado, o professor da FGV lembra que as empresas exportadoras foram duplamente atingidas: "o resto do mundo não se recuperou tão rapidamente quanto o Brasil e além disso o real está valorizado", diz Dana. Os especialistas lembram, porém, que o preço das commodities (produtos agrícolas e outras matérias-primas, como minério) está se recuperando, o que beneficia algumas empresas brasileiras que exportam esse tipo de produto.

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