Após dois pregões de fortes baixas, o bom humor predominou nos mercados nesta terça-feira (28). O movimento foi impulsionado pelas expectativas de que os bancos centrais vão tomar medidas para minimizar os efeitos negativos do “Brexit” (saída do Reino Unido da União Europeia) à economia global. As bolsas e o petróleo avançaram, e o dólar perdeu terreno frente à maior parte das moedas.
No cenário doméstico, a sinalização do Banco Central de que a taxa básica de juros (Selic) não será reduzida logo por causa da inflação, aliada à falta de ação da autoridade monetária no mercado de câmbio, derrubaram ainda mais o dólar ante o real.
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A moeda americana atingiu a a menor cotação em pouco mais de 11 meses, chegando à casa dos R$ 3,30, no caso do dólar comercial. A moeda brasileira é a que teve maior valorização global nesta terça-feira.
O Ibovespa ganhou 1,55%. Os juros futuros futuros subiram no longo prazo e caíram nos contratos mais longos, e o CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, recuou.
Câmbio
O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 2,62%, a R$ 3,3060, na cotação mais baixa desde 23 de julho de 2015 (R$ 3,2960).
O dólar à vista fechou com recuo de 2,97%, a R$ 3,3105, também no menor patamar desde 23 de julho do ano passado.
O cenário externo positivo e a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros brasileira em 14,25% ao ano no curto prazo impulsionaram o real desde o início da manhã.
A queda da moeda americana real foi intensificada após o presidente do BC, Ilan Goldfajn, ter reafirmado que o câmbio é flutuante, e que a autoridade monetária poderá reduzir sua exposição cambial “quando e se for possível”.
Ilan afirmou ainda que a autoridade monetária poderá utilizar todas as ferramentas cambiais de que dispõe, sempre com parcimônia. “O BC aprecia o regime de câmbio flutuante dentro do tripé macroeconômico”, disse.
A interpretação do mercado é de que o BC não deve intervir tão cedo no mercado de câmbio. Além disso, a perspectiva de manutenção dos juros nos EUA e de mais afrouxamento monetário na Europa mantêm a atratividade do real, com a alta taxa de juros no Brasil.
“O mercado quer ver qual é o piso do dólar para o BC voltar a atuar no câmbio”, comenta Hideaki Ilha, operador da Fair Corretora. “Se o câmbio é flutuante, em tese não haveria piso.”
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Leia a matéria completa“A ênfase no ‘se e quando’ houver espaço para reduzir o estoque de swaps cambiais, no âmbito da defesa do câmbio flutuante, sugere que a valorização do real faz parte do plano de voo da autoridade monetária”, escrevem os economistas José Francisco de Lima Gonçalves e Julia Araújo, do Banco Fator. “E um real valorizado não exige muito esforço de ninguém”, acrescentam.
Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, avalia que a autoridade monetária pode zerar sua posição vendida em dólar apenas deixando de renovar os contratos de swap cambial já existentes, como já tem ocorrido. “Neste caso, em seis meses o BC zeraria sua exposição cambial, de cerca de US$ 60 bilhões, sem ter que fazer swap reverso”, explica.
O swap cambial equivale à venda futura de dólares pela autoridade monetária, enquanto o swap cambial reverso corresponde à compra futura da moeda pelo BC.
Não há leilões de swap cambial reverso desde 18 de maio. Esse tipo de operação ajudou a segurar a queda do dólar em momentos de forte volatilidade, especialmente no período pré-afastamento da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment.
Além disso, os juros em patamares altos no país favorecem o fluxo de dólares, o que joga as cotações da moeda americana para baixo com a melhora do humor global.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 avançou de 13,650% para 13,840%. O RTI (Relatório Trimestral de Inflação) do BC, divulgado nesta manhã, reforçou que não há espaço para corte da taxa básica de juros no momento. A autoridade monetária afirmou que “adotará as medidas necessárias para colocar a inflação na meta de 4,5% em 2017”.
“A chance de queda da Selic em agosto caiu bastante. O mercado enxerga muito pouco espaço para tanto”, destacam os economistas do Banco Fator.
O contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 12,230% para 12,070%, influenciado pela desvalorização do dólar e perspectiva de recuo maior da inflação a partir do ano que vem.
O CDS (credit default swap) brasileiro perdia 3,76%, para 334,075 pontos.
Bolsas
O Ibovespa fechou o pregão em alta de 1,55%, aos 50.006,56 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,8 bilhões.
As ações da Petrobras subiram 4,78%, a R$ 9,20 (PN), e 4,16%, a R$ 11,25 (ON). Os papéis da Vale ganharam 4,75%, a R$ 12,56 (PNA), e 4,45%, a R$ 15,46 (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN avançaram 3,50%; Bradesco PN, +2,47%; Banco do Brasil ON, +2,49%; Santander unit, +1,10%; e BM&FBovespa ON, +2,57%.
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 terminou com ganho de 1,78%; o Dow Jones, +1,57%; e o Nasdaq, +2,12%.
Na Europa, a Bolsa de Londres encerrou o pregão em alta de 2,64%; Paris, +2,61%; Frankfurt, +1,93%; Madri, +2,48%; e Milão, +3,30%.
As declarações do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, animaram os investidores.
Draghi afirmou que os bancos centrais em todo o mundo deveriam alinhar suas políticas monetárias para ajudar a impedir “contágios desestabilizadores” entre economias que crescem a diferentes ritmos. “Podemos não precisar de coordenação formal de políticas. Mas podemos nos beneficiar de um alinhamento de políticas”, disse.
No mercado de câmbio, a libra se recuperou frente ao dólar e avançou 0,88%; o euro ganhou 0,14%.
Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,51%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,59%.
O premiê chinês, Li Keqiang, disse nesta terça-feira que não vai permitir que o pânico que agitou as moedas e os mercados acionários globais após a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia cause forte turbulência no mercado financeiro do país.
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