A CPFL Energia sinalizou que pretende continuar generosa na distribuição de dividendos aos acionistas, mesmo que se empenhe em novo empreendimento com investimentos bilionários, como a usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
"Pretendemos manter essa marca da companhia de boa pagadora de dividendos com crescimento de valor", afirmou a analistas o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Junior, durante teleconferência nesta quarta-feira sobre o resultado trimestral da empresa divulgado na véspera.
Indagado sobre as ambições da companhia para Belo Monte, Ferreira Junior disse que ainda estuda a viabilização de um consórcio com participação de Neoenergia e Vale, e que outras interessadas poderiam entrar no grupo.
"Estamos aguardando o edital", disse o executivo, acrescentando que a participação da CPFL no leilão vai depender de fatores como licença ambiental e tarifa-teto.
O governo marcou para 21 de dezembro o leilão de Belo Monte e o edital deve sair dentro de alguns dias. A usina terá capacidade de gerar ao menos 11 mil megawatts e é considerada o maior projeto hidrelétrico do país, depois da binacional de Itaipu, parceria entre Brasil e Paraguai.
Em uma conta rápida, Ferreira Junior disse que considerando investimento total em Belo Monte de 25 bilhões de reais e uma eventual fatia de 20 por cento da CPFL no consórcio vencedor, o desembolso anual, pela companhia, seria da ordem de 1 bilhão de reais ao longo de cinco anos.
"Com financiamento de 75 a 80 por cento (do aporte anual pela CPFL), sobrariam 200 milhões de reais por ano. Não é algo que modifique a lógica de dividendos", reforçou.
Sobre disciplina financeira, ele disse que a empresa poderá ultrapassar "levemente o limite de dívida de 3 a 3,5 vezes o Ebitda, no caso de uma grande aquisição ou de um empreendimento do porte de Belo Monte".
A CPFL encerrou o terceiro trimestre com relação entre dívida líquida e Ebitda --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação-- de 2,4 vezes.
A política de dividendos da CPFL estabelece que a empresa remunere os acionistas com, no mínimo, 50 por cento do lucro. Ferreira Junior disse que nos últimos anos o percentual foi de 95 por cento.
A CPFL reportou na noite de terça-feira que teve lucro líquido de 290 milhões de reais no terceiro trimestre, queda de 15,8 por cento na comparação com um ano antes.
A corretora Brascan considerou os resultados operacionais da CPFL positivos de julho a setembro e manteve a recomendação de compra para as ações da empresa, com preço-alvo de 43,66 reais.
Em relatório, o analista Rafael Quintanilha mencionou o risco de que uma participação acima do previsto no consórcio para disputar Belo Monte possa comprometer a alavancagem e o fluxo de dividendos da companhia.
As ações da CPFL exibiam alta de 0,46 por cento, a 32,55 reais, às 13h53. No mesmo horário, o Ibovespa apontava ganho de 0,59 por cento.