Para girar a safra 2009/10, o governo vai oferecer R$ 107,5 bilhões, R$ 39,5 bilhões a mais do que no ano passado. O crédito para a agricultura familiar cresce R$ 2 bilhões, para R$ 15 bilhões. O valor foi confirmado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário na semana passada, mas o anúncio oficial e o detalhamento do plano ocorrem em julho, em Brasília. A agricultura empresarial ganha um adicional de R$ 27,5 bilhões, num total de R$ 92,5 bilhões, conforme anunciou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia em Londrina.
Do volume total destinado à agricultura empresarial, R$ 54,2 bilhões serão ofertados a juros controlados, valor 20% superior ao da safra passada. Os recursos serão aplicados no custeio e comercialização (R$ 66,25 bi) e em investimentos (R$ 14 bi) a taxas fixas de 6,75% ao ano, inalterados com relação ao ano anterior.
Havia pressão para redução dessa taxa, principalmente após o corte da Selic, neste mês. A taxa de juros agrícola de 6,75% foi fixada na safra 2007/08, "quando a taxa básica de juros da economia brasileira era de 13,25%", lembra Carlos José Caetano Bacha, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). Na época, a taxa de juros controlados da agricultura correspondia a pouco mais de metade da Selic.
Hoje, a taxa básica brasileira é de 9,25%. Se fosse manter a proporção, os juros controlados da agricultura teriam que cair a 4,75%.
Taxas reais
Nesse caso, o custo do dinheiro seria quase nulo, pois, descontada a inflação, a taxa real cairia para algo próximo de 0,24%. Situação semelhante à da agricultura familiar, que pode financiar recursos a juros controlados que variam de 1,5% a 5,5% ao ano. Considerando a meta de inflação de 4,5% do Banco Central (BC), esses porcentuais ficam próximos de zero ou até negativos. Pelo mesmo cálculo, na agricultura empresarial, os juros de 6,75% ainda são competitivos. Resultam em uma taxa real de 2,15%, descontada a inflação.