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PACOTE

Crédito “afrouxa a corda”, mas não reaquece economia

Encontro do Conselhão, na quinta-feira (28): pacote de estímulo ao crédito monopolizou evento, que não contou com anúncio de reformas mais profundas. | Roberto Stuckert Filho/PR
Encontro do Conselhão, na quinta-feira (28): pacote de estímulo ao crédito monopolizou evento, que não contou com anúncio de reformas mais profundas. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

O pacote de crédito do governo pode afrouxar a corda no pescoço de consumidores e empresas, mas não terá o condão de reativar a atividade econômica. Embora elogiem algumas das ações anunciadas na quinta-feira (28), empresários e economistas apontam que a volta da confiança e a retomada do crescimento não dependem apenas de uma oferta maior de empréstimos.

As medidas somam R$ 83 bilhões em várias frentes. Caixa Econômica e Banco do Brasil dizem ver demanda por esses recursos, principalmente os voltados à habitação e ao setor agrícola. Mas alguns números põem em dúvida o tamanho do apetite por crédito no país, em especial para investimento produtivo.

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As consultas ao BNDES, cujas linhas estão entre as mais baratas do mercado, despencaram 47% em 2015, e os desembolsos do banco caíram 28%. O FI-FGTS, um fundo que apoia projetos de infraestrutura, tem R$ 22 bilhões parados por falta de demanda. O governo incluiu esse mesmo valor no pacote, argumentando que facilitará o acesso a ele.

Segundo o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), as linhas de capital de giro e o crédito consignado com garantia do FGTS têm o mérito de amenizar situações mais dramáticas, mas não vão reativar a economia.

“Empresas em dificuldade ganham alguma folga, e famílias podem trocar dívidas caras por outras mais baratas”, diz Cagnin. “Mas, com negócios em baixa, empresas querem pagar dívidas, e não contrair outras. O mesmo vale para famílias que tiveram queda na renda real e temem o desemprego.”

Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, as linhas voltadas para aliviar o caixa das empresas podem não chegar às que mais precisam. “Quem passa por dificuldades a ponto de atrasar o pagamento de impostos não vai obter certidão negativa. E, portanto, não terá acesso a esse empréstimo”, observa.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná, José Eugênio Gizzi, elogia as medidas voltadas à habitação, mas reclama da falta de “medidas estruturantes” que deem um horizonte para a economia. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, voltou a falar em mudanças na Previdência, sem apresentar proposta concreta, e a presidente Dilma Rousseff fez apenas uma vaga menção à reforma tributária.

Exportação

Para os exportadores, a promessa é de mais prazo e menos juros no financiamento de pré-embarque. “Todo apoio é bem-vindo”, diz o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil , José Augusto de Castro. “Mas nosso problema não é necessariamente falta de financiamento. É falta de competitividade e aumento de custos, algo que a alta do dólar compensa apenas parcialmente.”

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