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Poluição

Crédito de carbono é pouco explorado

O mercado de créditos de carbono, cobiçado por empresas poluidoras dispostas a "se redimir", tem apenas três projetos paranaenses cadastrados. Muitas empresas do estado têm projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) em vias de certificação nos moldes do Protocolo de Kyoto, mas a burocracia, o desconhecimento e preços em queda na Europa atrasam o pleno aproveitamento desse nicho, apesar de o Brasil ser o segundo país com maior número de projetos registrados para comercialização de créditos de carbono na Organização das Nações Unidas (em torno de 100).

As empresas poluidoras têm nos créditos um potencial de receita que muitas vezes nem sabem. A troca de um filtro de fumaça ou a mudança da matriz energética são exemplos de melhorias ambientais que reduzem as emissões de gases na atmosfera – o que foi transformado em ativo financeiro no mercado internacional pelo Protocolo de Kyoto, criado em 1997 com a adesão do Brasil e outros 188 países.

Pelo tratado, 40 países desenvolvidos se comprometeram a reduzir suas emissões de dióxido de carbono até 2012 para níveis anteriores a 1990. Fazem isso para conter o aquecimento global causado pelo efeito-estufa, por meio da compra de certificados emitidos pelos outros 148 signatários – países emergentes como o Brasil, que não precisam reduzir emissões mas podem vender créditos (permissão para emitir) aos demais.

A granja Retiro, cooperada da Castrolanda, nos Campos Gerais, é um exemplo de empresa que decidiu enfrentar a burocracia da ONU para vender créditos de carbono. A instalação de dois biodigestores para dejetos de suínos permite transformar o metano emitido pela decomposição dos dejetos de 550 matrizes (porcos reprodutores) em gás carbônico, 21 vezes menos poluente. Para isso, os dejetos ficam durante dois meses dentro de um balão. Depois, são usados como fertilizante e reduzem custos de manutenção da produção agrícola.

O financiamento do projeto foi feito pela empresa irlandesa AgCert, ao custo total de R$ 400 mil, incluindo o moroso processo de certificação, em vias de ser finalizado. Quando os créditos forem vendidos, o proprietário Marcelo de Jager ficará com 10% do dinheiro. "Enquanto isso, estou economizando R$ 1 mil por mês", diz. Isso porque o gás carbônico que fica dentro do balão é convertido em 6 a 8 mil kWh/mês de energia elétrica, que iluminam a propriedade e movimentam o motor da fábrica de ração. A cogeração permite ainda aquecer o piso onde crescem os leitões.

A AgCert atende a 60 projetos como esse em propriedades paranaenses, sendo que 20 deles (agrupados nos três projetos aprovados pela ONU no estado) já podem emitir créditos. "Com a certificação pronta, procuramos um comprador para vender os créditos, sempre no mercado futuro", explica o gerente Carlos Bortolato.

Os projetos saídos de granjas de suínos são populares na Região Sul, mas no Brasil os mais comuns são aterros sanitários e a geração de energia limpa (como biomassa e eólica, por exemplo). As opções de investimento são: tecnologias mais eficientes, substituição de fontes de energia fósseis por renováveis, racionalização do uso de energia, florestamento e reflorestamento (as árvores retiram gás carbônico da atmosfera para crescer).

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