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Consumidor já não se contenta com motor 1.0, diz consultora
Após o sucesso dos automóveis com motor 1.0, o consumidor brasileiro vem aproveitando a melhora da renda para almejar veículos com motores mais potentes. Para a sócia-diretora da MB Associados, Tereza Fernandez, é um bom motivo pelo qual os carros importados ainda mantêm uma fatia importante no mercado interno, já que vêm atendendo a essa demanda com preços ainda atraentes, mesmo com os recentes aumentos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
"O consumidor quer um veículo com maior motorização e com preços que caibam em seu orçamento. Os fabricantes de outros países trazem esses veículos com preços competitivos", diz a analista. Para ela, a mudança no perfil do consumidor é um dos motivos que influenciaram a queda nas vendas dos veículos no Brasil em abril.
Além da questão do perfil, a analista mencionou outros quatro fatores para a retração: a elevação do custo de manutenção; a perda do valor patrimonial do carro novo; a "concorrência" entre carro e casa própria em tempos de maior facilidade para a compra do imóvel; e, principalmente, o aperto do crédito.
O aumento na restrição ao crédito para o financiamento de veículos, em razão da elevação da inadimplência, foi o grande responsável pela queda das vendas do setor em abril. A avaliação é do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti. Para ele, os efeitos da inadimplência sobre o crédito podem ter atingido o ápice no mês passado. Segundo ele, a tendência para os próximos meses é de um cenário melhor.
"Houve uma nova classe média que surgiu e que passou a ter novas condições de consumo. O que talvez tenha acontecido é que, nos anos de 2009 e 2010, os critérios de crédito estavam um pouco mais frouxos e essa nova classe não estava acostumada a consumir neste nível", comentou Meneghetti, lembrando o alto custo que um indivíduo tem para manter um carro, além de grande número de parcelas de financiamento. "Esta nova classe média está agora aprendendo a conviver com isso e, pelas expectativas que temos por meio de dados da Febraban [Federação Brasileira de Bancos], este problema tende a diminuir", afirmou.
A Fenabrave divulgou ontem que as vendas de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) recuaram 14,2% em abril ante o mês anterior e 10,8% na comparação com abril de 2011. Com o resultado, os emplacamentos dos primeiros quatro meses de 2012 diminuíram 3,4% ante o mesmo período do ano passado.
"A inadimplência está no pico", destacou Meneghetti. "Mas a tendência é diminuir, até porque a massa salarial continua crescendo, os juros internos estão caindo e isso tudo faz com que os orçamentos das famílias fiquem um pouco mais folgados."
A Fenabrave informou também que revisou para baixo, de 4,5% para 3,5%, a projeção de crescimento para as vendas de automóveis e comerciais leves em 2012. Segundo estimativas da consultoria MB Associados para a entidade, o total de veículos vendidos neste ano deverá somar 3.545.584 unidades.
Melhora
Para Meneghetti, a tendência é de que o segundo semestre de 2012 seja melhor para o segmento de veículos do que o primeiro. É justamente esse sentimento, amparado numa projeção de crescimento de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que faz a Fenabrave acreditar que as vendas de automóveis e comerciais leves ainda vão crescer 3,5% no ano.
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