Curitiba A entrada de grandes bancos no segmento de empréstimos consignados para aposentados do INSS fez com que as taxas de juros caíssem nos últimos meses. O porcentual máximo cobrado no início do segundo semestre de 2004 era, em média, de 41,4% ao ano, segundo a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Hoje, os contratos têm correções máximas de 35,6% ao ano.
O movimento das taxas no crédito consignado foi na contramão do mercado financeiro. No mesmo período, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juros de 16,5% ao ano para 19,75% ao ano. Quando isso ocorre, os bancos tendem a acompanhar o aumento com ajustes em suas linhas de financiamento. Os aposentados, porém, foram beneficiados pela concorrência.
O crédito aos aposentados do INSS foi regulamentado no fim de 2003 e começou a ser oferecido nas agências da Caixa Econômica Federal em abril de 2004. Ela foi seguida por um número pequeno de instituições e a concentração de mercado foi grande durante alguns meses. Outra característica do lançamento do produto foi a apatia dos grandes bancos, que não apostaram na idéia logo no início.
"Os bancos pequenos e médios vivem de emprestar, não ganham com prestação de serviços. Por isso entraram rapidamente no mercado", diz Renato Oliva, diretor da ABBC e do Banco Cacique. No começo, as instituições de grande porte se limitaram a repassar recursos para serem administrados pelos pequenos. Essa seria uma forma de não misturar estratégias de mercado. Mas no primeiro semestre deste ano o INSS foi procurado pelo Banco do Brasil, Unibanco e Santander, que já oferecem financiamentos. O HSBC também foi autorizado a entrar no ramo e deve lançar em dois meses um produto para os aposentados.
"A concorrência foi responsável pela queda nas taxas", diz o economista Miguel de Oliveira, especialista em contas pessoais. "O Banco do Brasil, quando entrou, derrubou de cara os juros praticados no mercado", lembra. Apesar disso, a competição não foi capaz de reduzir as tarifas cobradas pelos bancos. Elas normalmente se referem a um porcentual da operação e chegam a R$ 190 em uma instituição. Em outras, a operação sai de graça. "Não há explicação para a cobrança dessas tarifas, por isso elas variam muito. O consumidor precisa pesquisar antes de fazer o empréstimo", afirma Oliveira.
A entrada dos grandes bancos no filão dos aposentados é reflexo do crescimento desse mercado. A carteira de empréstimos ligados ao INSS chegou a R$ 8 bilhões, em 15 meses de funcionamento. Esse fenômeno ajuda a explicar a expansão acima de 100% no total de crédito consignado no país nos últimos 12 meses. São R$ 18 bilhões financiados com desconto em folha de pagamento conta que leva em consideração funcionários públicos e de empresas conveniadas com bancos. "Agora essa curva de crescimento deve ficar mais baixa, mas ainda há um bom potencial de aumento de mercado", calcula André Malucelli, diretor do Paraná Banco.