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A crise financeira que balançou os mercados internacionais nos últimos dias e desencadeou uma onda de redução no ritmo de empréstimos jogou uma nuvem de preocupação sobre a agricultura brasileira. Além de uma possível redução na demanda mundial por alimentos, como reflexo do desaquecimento da economia global, analistas acreditam que será mais difícil conseguir recursos privados para plantar as lavouras em 2009, já que os bancos e as tradings terão mais dificuldades para captar recursos no exterior.

A conseqüência é que o repasse de dinheiro aos produtores brasileiros dependerá de uma análise mais criteriosa, o que não impedirá o encarecimento do crédito. "Para a safra que está sendo plantada, a crise americana não piora o que já estava ruim", afirma André Pessoa, sócio diretor da Agroconsult.

O consultor Fernando Pimentel, da Agrosecurity, explica que as tradings, que são grandes financiadoras da agricultura brasileira, reduziram a oferta de crédito e limitaram as compras antecipadas já nesta safra. A compra antecipada tem sido um dos grandes motores de financiamento da atividade agrícola no Brasil.

Os dois consultores dizem que a resistência das tradings em financiar a safra de 2008 está diretamente relacionada à volatilidade dos preços das commodities agrícolas no ano passado o que obrigou essas empresas a um grande aperto no caixa. Para Pessoa, as perspectivas são ainda piores para 2009, por causa da crise americana. "A safra deste ano está sendo plantada com recursos dos produtores, que tiveram lucro no passado e resolveram investir. Mas não há certeza de lucro com a safra do ano que vem.

O professor do Instituto de Economia e integrante do núcleo de economia agrícola e meio ambiente da Unicamp, Antonio Marcio Buainain, acredita que esse cenário exigirá das empresas e dos bancos mais critério para a liberação de crédito a partir de agora. "Não faltará dinheiro para bons tomadores. O bom pagador sempre terá dinheiro.

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