Panfletagem de financeira no centro de Curitiba: desde o começo do mês, juros subiram para 43,2% ao ano| Foto: LiudiHara/Arquivo/ Gazeta do Povo

Volume de empréstimos em novembro foi de R$ 1,68 tri

As operações de crédito do sistema financeiro registraram em novembro – antes, portanto, da mudança no depósito compulsório – expansão de 2% na comparação com outubro. Dados do Banco Central (BC) mostram que o total de empréstimos atingiu R$ 1,677 trilhão no mês passado. O valor apresenta expansão de 20,8% em 12 meses e 5,9% nos últimos três meses. Entre as várias operações registradas pelo BC, o crédito para habitação é o que registrou maior expansão, de 3,4% no mês, para R$ 133,516 bilhões. Em 12 meses, essa carteira acumula avanço de 53,9%. O crédito para pessoas físicas teve crescimento de 2,1% no mês e 17,6% em 12 meses. Com o crescimento do mês passado, o peso das operações de crédito em relação ao PIB atingiu 46,3% em novembro, ante 45,9% em outubro.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que o prazo médio das operações de crédito com recursos livres atingiu em novembro o maior patamar da história. No mês passado, os financiamentos tiveram, na média, prazo de 469 dias, ante 456 dias de outubro. O número é o maior da série iniciada no ano 2000. Também foram recordes os prazos das operações para empresas (395 dias) e para pessoas físicas (551 dias). A série histórica das operações para pessoas físicas é mais antiga e teve início em julho de 1994.

Inadimplência

A taxa de inadimplência no crédito livre manteve-se inalterada pelo terceiro mês consecutivo em novembro. Os empréstimos com atraso superior a 90 dias no pagamento seguiram em 4,7% no mês passado, mesmo patamar visto desde setembro. O comportamento nas diversas operações, porém, foi distinto. No conjunto de financiamentos para pessoas físicas, a inadimplência média caiu de 6% para 5,9% entre outubro e novembro. Já nas operações para empresas, a taxa subiu de 3,5% para 3,6% no mesmo período. Apesar das oscilações, no conjunto de todos os empréstimos, a taxa geral não teve alteração.

Lopes disse que as instituições financeiras públicas devem continuar liderando o aumento dos empréstimos no próximo ano. Em projeção apresentada ontem, o ritmo de crescimento da carteira de crédito dos bancos públicos deve cair da taxa de 22% esperada para 2010 para 15% no próximo ano. Mesmo com a queda, a velocidade deve ser maior que a registrada nas instituições privadas nacionais. Lopes explica que a liderança dos públicos deve continuar graças aos volumes expressivos de empréstimos tomados por empresas, nas operações de crédito direcionado, já que o número contempla também o Banco Nacional de De­­senvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Dados apresentados ontem pelo chefe do Departamento Eco­nômico do Banco Central, Alta­mir Lopes, mostram que o crédito pessoal é o empréstimo que mais sentiu as medidas macroprudenciais anunciadas no início do mês, como o aumento do depósito compulsório (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária). Na média até o dia 9 de dezembro, o juro desses empréstimos subiu 1,2 ponto porcentual na comparação com novembro, para 43,2% ao ano. Boa parte do encarecimento dessa linha de crédito é explicada pelo aumento da margem cobrada pelos bancos na operação, o chamado "spread bancário" – diferença entre a taxa de captação paga pelo banco e o juro cobrado pela instituição nos empréstimos.

Nos 9 primeiros dias deste mês, o spread dessa operação subiu 0,8 ponto, para 30,9 pontos. "Esse pode ser um início de efeito [das medidas]", reconhece Altamir. Apesar disso, ele ressalva que o número reflete o movimento de poucos dias. "Por isso, ainda é muito pouco para se tirar conclusões", justifica. No caso do financiamento de veículos, ele acredita que o reflexo vai demorar um pouco mais para ser observado. Por enquanto, o juro médio subiu 0,2 ponto na comparação com novembro, para 23% ao ano. O aumento reflete apenas a elevação do custo de captação dos bancos, já que o spread dessa linha de crédito seguiu estável.

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Queda

No cheque especial, a trajetória da taxa foi exatamente o contrário. Nos 9 primeiros dias de dezembro, o juro médio cobrado caiu 4,6 pontos, para 164,7% ao ano. A redução é explicada por Altamir Lopes pelo recebimento do 13.º salário pelos trabalhadores, o que permite a muitos clientes quitar dívidas nessa operação – reduzindo a demanda pelo crédito e diminuindo o juro médio praticado pelos bancos.

Segundo dados preliminares, o custo de captação pago pelos bancos aumentou 0,4 ponto porcentual na comparação com novembro, para 11,6% ao ano em 9 de dezembro. Esse aumento pode estar acontecendo porque, com o aumento do compulsório, há menor volume de recursos disponível no mercado, o que eleva o custo desse dinheiro às instituições. "O compulsório pode afetar indiretamente o custo de captação, via curva de juros futuros", explicou Altamir.

No início de dezembro, o spread médio do crédito livre seguiu trajetória contrária e caiu 0,5 ponto, para 23,1 pontos porcentuais. "Já a exigência de capital maior não afeta a curva de juros. Isso afeta o spread. Era de se esperar algum aumento, mas ainda não afetou", diz Altamir. Como resultado do maior custo de captação e queda do spread, o juro médio praticado no início do mês caiu 0,1 ponto, para 34,7% ao ano. Em 9 de dezembro, o total das operações de crédito livre havia crescido 2,1% na comparação com o fim de novembro.