Com crédito mais restrito e as vendas mais fracas nesse início de ano, o estoque de veículos no mercado atingiu o maior nível desde a crise de 2008. Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ele passou de 35 dias em março para 43 dias de vendas em abril. Em novembro de 2008, era de 56 dias.
Em todo o Brasil são 366 mil veículos 111,6 mil carros parados nos pátios das montadoras e outros 254,8 mil nas revendas.
Segundo o diretor-geral da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) no Paraná, Helmuth Altheim, o setor revisou suas projeções de vendas para o ano de 4,5% a 6% para 3% a 4%.
Mesmo com juros mais baixos, o alto índice de rejeição de cadastros dos clientes, os prazos mais curtos e a exigência de entradas maiores continuam a segurar as vendas, segundo as concessionárias. Os clientes da classe C, que nos últimos anos aproveitaram a fartura do crédito de longo prazo, praticamente desapareceram das lojas.
A percepção geral é de que sem um recuo forte da inadimplência que dobrou no último ano e bateu recorde de 5,7% em março a volta dos financiamentos de longo prazo está descartada. "Bancos e financeiras praticamente proibiram a venda de automóveis em 60 meses sem entrada no mercado. Hoje só o Eike Batista teria aprovado o cadastro para a compra nessa modalidade", diz Ivan Corsato, gerente de veículos novos da Ford Center.
Na média, o valor médio de entrada pedido subiu de 20% para 30% e o prazo médio de financiamento está em 48 meses.
As vendas de veículos no Brasil caíram 14,2% sobre março e 10,8% sobre abril de 2011, para 257,9 mil unidades, segundo a Anfavea. No Paraná, as vendas de automóveis e comerciais leves (20.189 unidades) recuaram 7,84% sobre março e 3,87% sobre o mesmo período do ano passado, segundo a Fenabrave-PR.
A média de vendas da indústria automotiva atingiu o mesmo patamar de 2009. Naquele ano, o governo adotou incentivos ao setor, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), para reanimar as vendas.
Em abril, as revendas do Paraná venderam de 10% a 20% abaixo do projetado, segundo Altheim, da Fenabrave.
Na Ford Center, as vendas em abril ficaram 13% abaixo do esperado. "Em maio elas cresceram, até agora, 8% sobre abril. Mas continuamos abaixo das metas", acrescenta Corsato.
As empresas do setor já começam a pressionar o governo a forçar os bancos a acelerar o ritmo de liberação de crédito e começam também a pedir a volta do IPI reduzido.
Importados caem 28% com IPI alto
Agência Estado
A venda de veículos importados em abril caiu 28,1% em comparação ao mesmo mês do ano passado, para 11.917 unidades, de acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). Sobre março deste ano, as vendas de abril recuaram 12,8%. No acumulado do ano até abril, caíram 9,2% em relação ao mesmo período de 2011, para 47.380 unidades.
O presidente da Abeiva, Flavio Padovan, disse que a queda nas vendas de veículos importados é o primeiro reflexo da alta de 30 pontos porcentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que entrou em vigor em dezembro do ano passado.
De acordo com a Abeiva, algumas importadoras ainda têm estoques até este mês de automóveis com IPI antigo e certamente terão de repassar os custos com o tributo a partir de maio. A entidade calcula que o aumento do IPI representará um impacto de 26% a 28% sobre os preços dos veículos importados, mas nem todo porcentual será repassado ao consumidor.
Padovan disse que a Abeiva teve diversas reuniões com o ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, e já teria conseguido viabilizar um sistema de cotas de veículos com IPI menor. O anúncio viria até o fim deste mês. Hoje, segundo Padovan, as alíquotas de IPI sobre veículos importados variam de 43% a 55%. O setor de veículos importados emprega atualmente 35 mil trabalhadores em uma rede de 882 concessionárias.